Chuvas torrenciais em Petrópolis deixam mais de 100 mortos

Petrópolis continuou a contabilizar novas mortes, nesta quinta-feira (17), que agora chegam a 104, pelas chuvas torrenciais que castigaram esta cidade do estado do Rio de Janeiro na última terça (15), enquanto socorristas e voluntários seguem as buscas por desaparecidos em uma luta premente contra o tempo.

"Até agora, temos registro de 104 mortos. Há 24 resgatados com vida pelos bombeiros", informou a Defesa Civil desta cidade serrana 68 km ao norte da capital, Rio.

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As autoridades ainda não divulgaram oficialmente o número de desaparecidos, mas o Ministério Público disse, na noite de ontem, que 35 pessoas foram "cadastradas" como desaparecidas em seu serviço de localização.

O balanço dramático de vítimas continua a subir com o passar das horas, após o pior temporal dos últimos 90 anos ocorrido na tarde de terça-feira. As intensas chuvas causou quase 300 deslizamentos de terra em vários pontos da cidade.

Na manhã desta quinta, vários moradores também continuavam a procurar os desaparecidos pelos rios transbordados que arrastaram tudo em sua passagem e que deixaram um rastro de casas reduzidas a escombros, constaram repórteres da AFP, no local.

"Fui criado aqui, conheço todo o mundo. Vim para ajudar o pessoal (de resgate). É surreal. Infelizmente, vai ser difícil encontrar alguém com vida", disse à AFP Luciano Gonçalves, de 26 anos, coberto de lama e com uma enxada na mão, enquanto revira a terra.

Outros, que perderam seus familiares, permaneciam sentados em frente às suas casas, com o olhar perdido em meio a tanta destruição.

Cerca de 500 bombeiros retomaram as tarefas de resgate logo ao amanhecer, depois de pararem brevemente, durante a noite, devido ao solo instável.

O governo federal alertou, nesta quarta-feira, para um risco "muito alto" de novos deslizamentos na região serrana do Rio, "especialmente em Petrópolis", devido à previsão de mais chuvas para os próximos dias e de possíveis novas "inundações".

De acordo com a Defesa Civil, "há previsão de fortes chuvas para a tarde e a noite" de hoje, o que pode complicar ainda mais as tarefas de resgate, envolvendo cães, tratores, caminhões, botes e uma dezena de aeronaves.

Segundo especialistas, a tragédia é consequência de uma combinação de fatores, entre eles, o excesso de chuvas, a topografia da região e a existência de grandes comunidades de casas precárias, muitas delas construídas ilegalmente, em íngremes áreas de risco.

Alguns pontos de Petrópolis receberam até 260 milímetros de chuva em menos de seis horas, um volume superior à média histórica de todo mês de fevereiro (240 mm), conforme dado da agência meteorológica MetSul.

"Foi a pior chuva desde 1932", declarou o governador do Rio, Claudio Castro, na quarta-feira.

Nos últimos três meses, o Brasil tem passado por episódios de chuvas intensas, sobretudo, nos estados da Bahia e de Minas Gerais, que deixaram dezenas de mortos e causaram inúmeros danos em centenas de municípios.

Os cientistas afirmam que, em função da mudança climática, fenômenos meteorológicos extremos serão cada vez mais frequentes.

jhb-jm/app/tt

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