Premiê de Israel se reuniu com rei e comunidade judaica do Bahrein
19:11 | Fev. 15, 2022
O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, reuniu-se nesta terça-feira (15) com representantes da pequena comunidade judaica do Bahrein, na primeira visita de um chefe de governo do Estado hebreu ao país.
"Foi uma visita muito bem sucedida, uma recepção calorosa, um relacionamento próximo, uma atmosfera aberta. É um novo modelo de relações (entre Israel e países árabes), um bom modelo", declarou Bennett a jornalistas estrangeiros antes de deixar Manama.
"Meu objetivo é criar na região uma série de alianças entre Israel e os países árabes", acrescentou.
O chefe da diplomacia do Bahrein, Abdellatif al-Zayani, disse a repórteres que o rei Hamad bin Issa Al-Khalifa e o príncipe herdeiro Salman bin Hamad Al-Khalifa aceitaram um convite de Bennett para ir a Israel.
O Bahrein e os Emirados Árabes Unidos foram as primeiras monarquias árabes do Golfo a normalizar as relações com Israel em setembro de 2020, reforçando a integração do Estado judeu em uma região onde o Irã é percebido como uma ameaça.
Bennett, que chegou ao Bahrein na noite de segunda-feira, encontrou-se nesta terça-feira com o príncipe herdeiro e o primeiro-ministro e em seguida com o rei.
Este último destacou a importância de "fortalecer a parceria Bahrein-Israel à luz da assinatura dos acordos" para a normalização das relações, segundo a agência oficial do Bahrein BNA.
Bennett também se reuniu com vários funcionários do Bahrein, incluindo os ministros da Defesa e dos Transportes, para "aprofundar" a cooperação bilateral".
Queremos nutrir essa relação nas áreas de energia, economia, turismo e arquitetura regional", disse Naftali Bennett, segundo seu gabinete.
Pouco antes, o líder israelense se reuniu com o vice-almirante Brad Cooper, da 5ª Frota dos EUA, sediada no Bahrein e responsável pelas operações navais no Oriente Médio.
É "um elemento importante para manter a estabilidade regional" diante de várias ameaças à segurança, disse Bennett, que espera que a cooperação entre os países da região e o poderoso aliado dos EUA continue a se desenvolver.
Para Yoel Guzansky, pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional em Tel Aviv, a viagem de Bennett diz respeito "absolutamente" ao Irã, o inimigo número um de Israel.
Declarações apoiadas por Dore Gold, chefe do Centro de Relações Públicas em Jerusalém, para quem Israel e Bahrein foram pressionados a estreitar laços, já que ambos estão "ameaçados por ações iranianas".
Bennett também se encontrou com líderes da comunidade judaica no Bahrein. "Tenho certeza de que você pode ser uma ponte importante entre Bahrein e Israel", disse Bennett a Eitan Naeh, embaixador de Israel, e Ibrahim Nonoo, chefe da comunidade judaica local.
Os judeus do Bahrein desfrutam de uma posição política e econômica relativamente privilegiada. Já os rituais religiosos devem ser praticados em casa, desde a destruição da sinagoga de Manama, no início do conflito árabe-israelense, em 1947.
Em agosto de 2021, pela primeira vez em 74 anos, uma oração pública do Sabat, dia de descanso semanal para os judeus, foi celebrada nesta sinagoga, reconstruída.
"Os acordos (de normalização) mudaram tudo", comemorou o chefe da comunidade judaica local, Ibrahim Nonoo, em entrevista à AFP à época.
A recente normalização das relações entre Israel e os países árabes tem sido criticada pelos palestinos. Para eles, essa reaproximação com Israel não pode acontecer sem, antes, um acordo de paz entre israelenses e palestinos.
Essa normalização, que se estende do Sudão ao Marrocos, foi realizada sob o governo de Benjamin Netanyahu, que não visitou oficialmente nem o Bahrein, nem os Emirados. Já Bennet, no poder desde junho, visitou os Emirados em dezembro passado.
"É importante, em especial nestes tempos tumultuados, que enviemos, desta região, uma mensagem de boa vontade, de cooperação, de unidade diante dos desafios comuns", declarou o primeiro-ministro na segunda-feira, sem mencionar o Irã, o grande inimigo de Israel.
Teerã também continua sendo o maior inimigo do Bahrein, que acusa as autoridades iranianas de fomentarem as manifestações contra o governo. Em 2011, este pequeno reino, hoje habitado por 1,5 milhão de pessoas, foi palco de uma revolta popular liderada, essencialmente, pela comunidade xiita.
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