Começa julgamento sobre assassinato de padre em ataque jihadista na França
09:41 | Fev. 14, 2022
O julgamento sobre o assassinato do padre Jacques Hamel, em plena missa em 2016 no noroeste da França, começou nesta segunda-feira (14) em Paris com as pessoas próximas aos assassinos jihadistas, mortos pela polícia, no banco dos réus e muitos questionamentos.
O ataque, executado em meio a uma onda de atentados islamitas na Europa, enquanto uma coalizão internacional lutava contra os jihadistas na Síria e no Iraque, teve como alvo um padre dentro de uma igreja pela primeira vez em solo europeu, uma morte que chocou o mundo.
Após o ataque, a polícia matou Abdel Kermiche e Abdel-Malik Petitjean - jihadistas de 19 anos que reivindicaram pertencer ao grupo Estado Islâmico (EI) - na saída da igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, perto da cidade de Rouen (noroeste), em 26 de julho de 2016.
A Justiça julgará assim Jean-Philippe Jean Louis, Farid Khelil e Yassine Sebaihia por "associação criminosa terrorista", acusados de ter conhecimento do projeto de atentado, de compartilhar a ideologia dos agressores ou de ter tentado viajar para a Síria.
O grande ausente do processo será o suposto instigador Rachid Kassim, acusado de cumplicidade no assassinato do padre por "ter incentivado e facilitado" o ataque. Este propagandista francês do EI foi supostamente morto em um bombardeio no Iraque em 2017.
No entanto, as vítimas e seus familiares esperam que as quatro semanas de julgamento lhes permitam "entender" o que aconteceu.
"Entender quem foram os executores e seus motivos", de acordo com Christian Saint-Palais, advogado das irmãs de Jacques Hamel.
Roseline e Chantal também querem saber por que atacaram seu irmão, "um homem de paz", e se o sistema de prevenção falhou, já que um dos agressores era obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica no momento do ataque depois de tentar viajar para a Síria.
Guy Coponet, presente na missa e cuja esposa ficou gravemente ferida, "quer entender (...) como os jovens recém-saídos da adolescência puderam cometer esses horrores", disse seu advogado, Méhana Mouhou. Aos 92 anos, sua presença busca homenagear Hamel e sua esposa.
Para Béranger Tourné, advogado de Jean-Philippe Jean Louis, os três réus estão sendo artificialmente "vinculados" ao ataque. A acusação, no entanto, descreve seu cliente de 25 anos como "muito ativo" nas redes jihadistas.
Farid Khelil, primo de Abdel-Malik Petitjean e em contato com Rachid Kassim pelo sistema de mensagens Telegram, teria apoiado o desejo de seu primo de agir. De acordo com seu advogado Simon Clemenceau, este homem de 36 anos "não estava ciente" da preparação do ataque.
Em relação a Yassine Sebaihia, 27 anos, que visitou brevemente os dois agressores em Saint-Etienne-du-Rouvray em 24 de julho antes de retornar a Toulouse (sul), "ele não sabia o que estava sendo preparado", segundo sua advogada, Katy Mira.
Uma onda de ataques jihadistas abalou a Europa há alguns anos atrás. Desde então, a Justiça condenou vários de seus autores à prisão perpétua, como no caso do atentado ao Museu Judaico de Bruxelas em 2014 ou da revista satírica Charlie Hebdo em Paris em 2015.
Atualmente, um tribunal francês está julgando os supostos autores do ataque de 13 de novembro de 2015 contra o Stade de France, os bares e restaurantes de Paris e a casa de espetáculos Bataclan, o mais letal (130 mortos) na capital francesa desde a Segunda Guerra Mundial.
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