Suíços decidem proibir quase toda a publicidade de cigarros
Os suíços, que costumam defender com firmeza os interesses econômicos do país, concordaram, em uma consulta pública realizada ontem, em proibir a publicidade de cigarro em lugares de acesso de crianças e adolescentes.
O resultado foi aprovado por maioria em 16 dos 26 cantões, com quase 57% dos votos. "Estamos extremamente felizes", disse Stefanie De Borba, da Liga Suíça Contra o Câncer, com a publicação dos primeiros resultados. "As pessoas entenderam que a saúde é mais importante do que os interesses econômicos."
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"Fumar dá uma ilusão de liberdade", destacou Jean-Paul Humair, porta-voz do movimento pelo "Sim", que pedia a proibição da propaganda de cigarros. "Percebemos a importância de proteger crianças e adolescentes do tabagismo e entendemos que a publicidade é uma ferramenta muito importante para atrair novos consumidores", disse.
A Suíça contava com uma legislação muito permissiva em relação à publicidade do cigarro, graças ao lobby das maiores empresas mundiais do setor. Uma em cada quatro pessoas é fumante no país. Hoje, apenas anúncios de rádio e televisão e mensagens dirigidas especificamente para menores são proibidas.
A nova norma prevê a proibição total da publicidade de cigarro na imprensa, na internet e demais locais públicos. As regras também se aplicam ao cigarro eletrônico. A publicidade dirigida apenas para adultos, por meio de e-mails, por exemplo, será permitida.
Os opositores da iniciativa, entre eles o governo federal e o Parlamento, consideram que ela vai longe demais.
"Em nome da proteção da infância, os adultos são infantilizados", reclamou Patrick Eperon, porta-voz da campanha pelo "Não" e membro da organização Centro Patronal. Este é o mesmo argumento da Philip Morris International (PMI), gigante global do setor, que, assim como a British American Tobacco e a Japan Tobacco, têm sede na Suíça. Para a PMI, trata-se de uma medida "extrema".
"Hoje, estamos falando de cigarro. Depois, será o álcool ou a carne. Fico irritado em viver em uma sociedade que deseja essa ditadura do politicamente correto, na qual tudo deve ser regulado", disse Philippe Bauer, membro da Câmara Alta suíça do Partido Liberal Radical. (Com agências internacionais)
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