Se Rússia invadir Ucrânia, países ocidentes prometem impor sanções severas

EUA, Alemanha e França prometeram sanções rápidas e severas se a Rússia invadir a Ucrânia, assegurou hoje, 11, o governo alemão, após teleconferência entre aliados

16:39 | Fev. 11, 2022

Por: Redação O POVO
Países ocidentes prometeram impor sanções severas se Rússia invadir Ucrânia; afirmação foi feita hoje, 11, em conferência de nações aliadas (foto: Sergei SUPINSKY / AFP)

O presidente americano, Joe Biden, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, prometem sanções "rápidas e severas" se a Rússia invadir a Ucrânia, assegurou hoje, 11, o governo alemão, após uma teleconferência entre os líderes dos países ocidentais.

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"Os aliados estão determinados a adotar juntos sanções rápidas e severas contra a Rússia se ocorrerem novas violações à integridade territorial e à soberania da Ucrânia", destacou no Twitter o porta-voz do chanceler alemão. "Todos os esforços diplomáticos buscam persuadir a Rússia a ir para a desescalada. O objetivo é impedir uma guerra na Europa", acrescentou. 

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Tensões políticas entre Rússia e Ucrânia tem chamado atenção da imprensa e da população neste início de ano. O segundo país tem importante estratégica na região e faz fronteira tanto com a Rússia quanto com a União Europeia - e há anos flerta politicamente com ambas os governos. Segundo o primeiro-ministro russo Vladimir Putin, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) organiza uma ofensiva na Ucrânia, o que representaria uma ameaça aos russos.

Apesar das declarações, o Kremlin descarta uma possível invasão ao território ucraniano. A própria Ucrânia tentou acalmar a população do país com o argumento de que uma temida invasão russa não é iminente, embora reconheçam que a ameaça é real. Representantes dos Estados Unidos e a Otan acreditam na iminência da ofensiva.

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A crise mais recente entre os países aconteceu em 2014, após a Rússia anexar para si a Crimeira, que era território ucraniano. 14 mil pessoas foram mortas na fronteira leste da Ucrânia desde então. A tensão subiu significativamente nos últimos meses com o avanço de tropas russas, algo visto pelo governo da Ucrânia como uma ameaça.

Por isso, representantes ucranianos tentam convencer potências ocidentais de que uma invasão russa causaria uma série de problemas para a estabilidade da Europa e do mundo. A decisão de Putin, que é ex-espião e saudoso dos tempos de União Soviética, de avançar militarmente tem como objetivo mostrar força na política global.

“Há sete anos, o objetivo era anexar um território que era estratégico para a Rússia. O que vemos hoje é uma escalada da crise para um objetivo mais amplo, que significa definir quais vão ser as esferas de influência na Europa Oriental, onde vai passar essa linha”, explicou Maurício Santoro, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ao portal Exame.

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A região hoje chamada de Ucrânia chegou a ser parte do antigo Império Russo. Em 1919, virou uma república da União Soviética. Com o colapso da URSS, se tornou independente em 1994 - o que a caracteriza como uma democracia ainda jovem. Do outro lado, a Otan e a União Europeia agregaram, nos anos 1990 e 2000, muitos países da zona de influência soviética na chamada Europa Central.

A Ucrânia, porém, não foi um deles. Enquanto a faixa oeste do país, onde fica a capital Kiev, aceita a ideia de sucumbir aos padrões europeus, a faixa leste se imagina mais próxima do território russo. Por isso, a região tem sido, desde o fim da Guerra Fria, uma fronteira entre a influência das democracias liberais da Europa e da Rússia.

Nesse contexto, a Rússia exige que a Otan pare de expandir sua presença em direção a países do leste europeu, acusando a aliança de estar “cercando” o território russo. O governo de Putin também solicitou que a Otan não posicione tropas em regiões que não pertenciam à aliança em 1997, isto é, antes da inclusão de diversos ex-aliados soviéticos.

Há também de se considerar o impacto da crise ucraniana para a política internacional, incluindo para a China, maior parceria comercial do país e grande compradora de grãos e carne. Devido a isso, estabilidade na Ucrânia está nos interesses de Pequim, segundo Maurício Santoro. “Os chineses estão sendo muito discretos quanto à essa crise. Mas há uma relação de muita proximidade entre China e Rússia, ainda que não seja uma aliança militar formal. E os chineses estarão observando para ver até onde os EUA irão”, explicou o pesquisador da Uerj.

Há possibilidade real da Rússia invadir a Ucrânia?

Diversos cenários podem ser desencadeados em relação à crise entre Rússia e Ucrânia, incluindo a efetiva invasão. Outra possibilidade é o apoio russo a separatistas da faixa leste da Ucrânia, sem atingir o restante do país. Um desejo antigo da Rússia é se reconectar à Crimeia, ainda. Outro cenário, que chegou a ser divulgado pelo Reino Unido, seria a tentativa da Rússia de derrubar o atual presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, um ex-humorista eleito como presidente em 2019.

A Ucrânia tem treinado até mesmo civis, frente à possibilidade de um ataque. O exército do país deve receber apoio financeiro de aliados da Otan, mas não é páreo para os russos. Além disso, tropas da aliança não podem se envolver diretamente, visto que a Ucrânia não é aliada. Estudiosos apostam que o melhor cenário para Putin é conseguir um recuo do Ocidente, mostrando-se vitorioso. Espera-se, ainda, mais tentativas diplomáticas para a disputa, apesar de fracassos anteriores.

Com informações de Exame