Crítico de Putin, líder oposicionista é colocado, assim como alguns de seus principais aliados, na mesma categoria que grupos extremistas como Talibã e "Estado Islâmico".A Rússia incluiu nesta terça-feira (25/01) o líder oposicionista Alexei Navalny e alguns de seus principais aliados numa lista de terroristas e extremistas - na mais recente investida contra a oposição no país. Navalny, conhecido como o mais feroz crítico do presidente Vladimir Putin, e oito de seus aliados – incluindo seus principais assessores, Lyubov Sobol e Georgy Alburov – foram adicionados à lista pelo Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia (Rosfinmonitoring). A lei determina que as contas bancárias daqueles que estão na lista sejam congeladas. Com isso, Navalny e seus aliados foram colocados na mesma categoria que grupos nacionalistas de direita e organizações terroristas estrangeiras, incluindo o Talibã e o "Estado Islâmico". A medida foi adotada pouco mais de um ano após a prisão de Navalny, que desencadeou uma onda dos maiores protestos vistos no país em anos. Navalny foi detido ao retornar da Alemanha, onde havia passado cinco meses se recuperando de um envenenamento com um agente nervoso, pelo qual ele e o Ocidente culparam o Kremlin. Autoridades russas negaram envolvimento no caso. O oposicionista foi condenado a dois anos e meio de prisão por violar as condições de sua liberdade condicional relacionada a uma sentença por fraude proferida em 2014, ao não se apresentar regularmente às autoridades penitenciárias. Pressão das autoridades Nos meses seguintes, o irmão de Navalny, Oleg, e vários de seus principais aliados também foram alvo de acusações criminais, e as autoridades baniram a Fundação para o Combate à Corrupção, liderada pelo oposicionista, e seus escritórios regionais, classificando a entidade de extremista. Quase todos os principais aliados de Navalny, incluindo Sobol, fugiram do país desde o ano passado. Sobol, de 34 anos, atuava como advogada na Fundação para o Combate à Corrupção e produtora do canal de Navalny no YouTube. Ela é procurada pela polícia russa desde outubro. "Participou de eleições es estava combatendo a corrupção? Extremista", tuitou Sobol nesta terça. Neste mês, dois outros assessores de Navalny - Ivan Zhdanov and Leonid Volkov – já haviam sido incluídos na lista de extremistas e terroristas. As autoridades russas também vêm aumentando a pressão sobre a mídia independente e grupos de direitos humanos nos últimos anos. Dezenas foram classificados como agentes estrangeiros, uma designação que implica mais escrutínio por parte do governo. Vários foram obrigados a encerrar suas atividades para evitar mais perseguição. Em dezembro passado, a Suprema Corte da Rússia ordenou a dissolução da organização de direitos humanos Memorial, conhecida por denunciar perseguições desde a época do líder soviético Josef Stalin, e é tida como um símbolo da democratização pós-União Soviética. Nesta terça, as autoridades também solicitaram a um tribunal que Oleg Navalny cumpra sua pena suspensa de um ano na prisão. No ano passado, Oleg e aliados de seu irmão foram condenados por violar regras da pandemia de covid-19 nos protestos em apoio ao oposicionista. Antes disso, Oleg já havia sido condenado por fraude junto com o irmão em 2014, e foi solto em junho de 2018 após passar três anos e meio na prisão. "Contínua repressão contra vozes críticas" A repressão a Alexei Navalny e outras vozes dissidentes na Rússia vem causada indignação no Ocidente. Nesta terça, o porta-voz de assuntos externos da União Europeia, Peter Stano, reiterou que a "contínua repressão contra as vozes críticas na sociedade Rússia" é inaceitável. O envenenamento e a prisão de Navalny resultaram em ampla condenação no exterior e sanções de países do Ocidente à Rússia. O Parlamento Europeu concedeu a Navalny o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamentode 2021. No ano passado, investigadores lançaram um novo inquérito sobre extremismo contra Navalny que poderia fazer com que o oposicionista fosse condenado a até mais dez anos de prisão. lf (AP, AFP)