Opas cobra a garantia de retorno seguro das crianças às escolas nas Américas

Uma vez que os grupos vulneráveis estejam protegidos, "os países devem considerar os benefícios de vacinar as crianças para reduzir ainda mais a transmissão"

A Organização Pan-americana da Saúde (Opas) urgiu nesta quarta-feira, 26, que se garanta a reabertura segura das escolas no início do terceiro ano da pandemia de Covid-19, descartando que para isso sejam necessárias altas taxas de vacinação anticovid entre as crianças.

"O primeiro e mais importante que os países podem fazer pelas crianças é levá-las de volta à escola de forma segura para proteger seu bem-estar social, mental e físico", disse a diretora da Opas, Carissa Etienne, em entrevista coletiva.

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"A aprendizagem virtual não substitui e não pode substituir a educação presencial", enfatizou.

Etienne destacou que milhões de crianças nas Américas não voltaram às salas de aula devido à pandemia de Covid-19 e estão enfrentando "a pior crise educacional" registrada na região.

"A cada dia que as crianças ficam sem ir à escola presencialmente, maior é a probabilidade de que deixem de frequentar e nunca mais voltem à escola, o que tem consequências para toda a vida", alertou.

De acordo com as orientações da Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de máscaras, o distanciamento social e a ventilação adequada permitem que as crianças retornem aos centros educacionais com segurança.

"As altas taxas de vacinação (contra a covid) entre as crianças não são um pré-requisito para a reabertura das escolas", enfatizou Etienne.

A Opas disse que antes de vacinar crianças saudáveis contra a covid-19, os países precisam ter alta cobertura de imunização entre as pessoas com maior risco de doença e morte pelo vírus, como idosos e pessoas com comorbidades.

Uma vez que os grupos vulneráveis estejam protegidos, "os países devem considerar os benefícios de vacinar as crianças para reduzir ainda mais a transmissão" da covid-19, disse Etienne.

Nas Américas, 17 países estão vacinando crianças contra a covid-19: Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Nicarágua, Panamá, Peru, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

O vice-diretor da Opas, Jarbas Barbosa, disse que a OMS ainda não aprovou uma vacina contra a covid-19 para crianças.

No entanto, lembrou que o grupo de especialistas em imunização que assessora a OMS recomendou na semana passada o uso da vacina anticovid da Pfizer para crianças entre os 5 e os 11 anos.

 

 


Segundo dados da Opas, a região das Américas registrou na última semana 8 milhões de novos casos de covid-19, o maior número de contágios semanais desde o início da pandemia. Também aumentaram as mortes por covid-19, somando 18.000 em toda a região.

Nos últimos sete dias, alguns estados do México viram triplicar as novas infecções, enquanto na América Central, as mortes semanais aumentaram 107% em relação à semana anterior. No Brasil, os casos cresceram 193% e houve contágios especialmente altos também no Haiti, Bolívia, Peru e Equador.

"À medida que os casos de covid-19 se propagam de forma mais ativa e mais rápida do que nunca, está claro que a ômicron se tornou a cepa predominante na nossa região neste momento", disse Etienne.

Registrada pela primeira vez pela África do Sul em 24 de novembro, a ômicron é a variante mais contagiosa já detectada desde o aparecimento do novo coronavírus, no fim de 2019.

Mas geralmente provoca uma infecção menos grave entre as pessoas vacinadas, o que tem gerado esperanças de que a covid-19 se torne uma doença endêmica, como a gripe.

"Não temos bola de cristal. Portanto, é cedo demais para dizer que nos aproximamos do final da pandemia", afirmou Etienne.

No entanto, ela assegurou que existem "as ferramentas" para controlar a propagação: as vacinas contra a covid e as medidas de saúde pública (uso de máscaras, distanciamento social, ventilação de espaços fechados e lavagem frequente das mãos).

A Opas destacou que Argentina, Canadá, Chile, Costa Rica, Cuba, Equador e Uruguai já alcançaram uma cobertura vacinal de 70%.

No entanto, Bahamas, Dominica, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Suriname não alcançaram a meta da OMS de ter 40% da população vacinada ao fim de 2021.

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