Vaticano defende luta de Bento XVI contra padres pedófilos
12:43 | Jan. 26, 2022
O Vaticano defendeu nesta quarta-feira(26) o papa emérito Bento XVI, acusado em um relatório de não ter feito nada para impedir que vários padres abusassem de menores na diocese que ele liderou nos anos 1970-80 na Alemanha e lembrou sua luta contra a pedofilia.
O diretor de comunicação da Santa Sé, Andrea Tornielli, veterano vaticanista, lembrou as medidas tomadas por Bento XVI durante seu mandato papal, além de sua luta contra a pedofilia desde que era cardeal, responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo Santo Ofício.
Depois de "combater esse fenômeno como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé", Joseph Ratzinger promulgou como pontífice "normas muito duras contra os abusadores do clero, verdadeiras leis especiais para combater a pedofilia", escreveu Tornielli em um editorial publicado no porta de notícias do Vaticano, o Vatican News.
"Bento XVI deu testemunho, com o seu exemplo concreto, da urgência de uma mudança de mentalidade, importante para combater o fenômeno dos abusos, escutando e estando perto das vítimas a quem deve sempre pedir perdão", sublinhou.
"Foi precisamente Joseph Ratzinger o primeiro papa a se encontrar várias vezes com vítimas de abuso durante suas viagens apostólicas", lembrou Tornielli, que ressaltou que o relatório alemão "não é uma investigação judicial, muito menos um julgamento final".
As reconstruções contidas no relatório alemão devem "ajudar a combater a pedofilia na Igreja se não forem reduzidas à busca de bodes expiatórios fáceis e julgamentos sumários", alertou.
"Só evitando estes riscos poderão contribuir para a busca da justiça na verdade e para um exame colectivo de consciência sobre os erros do passado", destacou.
Bento XVI corrigiu na segunda-feira as declarações dadas aos autores do relatório sobre uma reunião em 1980 dedicada a um padre pedófilo, esclarecendo que o pedido de acomodação durante sua terapia foi aceito e ressaltando que não foi tomada nenhuma decisão sobre a atribuição de uma missão pastoral.
Tanto o Vaticano quanto o papa emérito expressaram "vergonha" e "proximidade" às vítimas de abuso sexual após a publicação do relatório na Alemanha.
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