Rússia acusa EUA de agravar tensões e lança novas manobras militares
O Exército russo lançou, nesta terça-feira (25), uma nova série de manobras perto da Ucrânia e na península anexada da Crimeia, com exercícios que envolvem 6.000 homens, caças e bombardeiros, segundo as agências russas.
Trata-se de uma operação que inclui a "Aeronáutica (...) e grupos de navios de frotas do mar Negro e Cáspio", disse o comandante das forças russas do sul do país, Alexander Dvornikov.
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O Kremlin também denunciou nesta terça o estado de alerta de milhares de tropas dos Estados Unidos por causa da crise entre Rússia e os países ocidentais pela situação na Ucrânia, enxergando nisso uma nova forma de "acentuar as tensões" por parte de Washington.
Segundo o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, os Estados Unidos estão "de fato (...) acentuando as tensões" com essa atitude, como por exemplo anunciando, no dia anterior, que as famílias dos diplomatas americanos radicados na Ucrânia estavam abandonando o país devido ao risco iminente de invasão da Rússia na ex-república soviética.
Na segunda-feira, os Estados Unidos colocaram 8.500 militares em alerta, que poderiam estar prontos em cinco dias para apoiar a força de reação rápida da Otan, que conta com 40.000 efetivos. No entanto, sua mobilização ainda não foi decidida.
Por outro lado, a Ucrânia deve receber nesta terça-feira, por parte dos Estados Unidos, "equipamentos e munições para reforçar as forças armadas ucranianas", informou a embaixada dos Estados Unidos. Segundo a legação, trata-se de uma parte dos 200 milhões de dólares em assistência a Kiev autorizados pela Casa Branca recentemente.
Enquanto isso, a aliança da Otan, liderada por Washington, anunciou que seus membros estavam deixando as tropas "em standby" (em espera) e que também estavam enviando navios e aviões para reforçar a defesa do Leste Europeu. A Rússia vê como uma ameaça a mobilização de tropas da Aliança Atlântica perto de suas fronteiras.
Os ocidentais acusam o governo russo de ter concentrado mais de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia, para uma possível invasão, depois que a Rússia anexou a Crimeia em 2014. Moscou também é acusado de apoiar os separatistas pró-russos contra os quais Kiev está em guerra no leste do país há oito anos.
Nesta terça-feira, a Ucrânia afirmou que desarticulou um grupo liderado pela Rússia, que aparentemente preparava ataques armados para "desestabilizar" o país.
"Os organizadores do grupo estavam preparando uma série de ataques armados contra infraestruturas", declarou, em nota, o Serviço Ucraniano de Segurança (SBU), apontando que o grupo era "coordenado pelos serviços especiais russos".
Os dois organizadores do grupo, um deles russo, foram detidos, informou o SBU, cujos agentes confiscaram um "artefato explosivo, armas leves e munição".
Os dois indivíduos eram ex-combatentes, afirmou à AFP uma fonte das forças de segurança.
A Rússia sempre negou querer invadir a Ucrânia, mas condiciona uma desescalada à assinatura de tratados que garantam que a Otan não vai se expandir, principalmente incorporando a Ucrânia.
Essas reivindicações são consideradas inaceitáveis tanto pela União Europeia (UE) quanto pelos Estados Unidos, embora afirmem que levam a sério as preocupações manifestadas pela Rússia e que querem negociar para encontrar soluções.
Após uma rodada de negociações, Washington deveria enviar uma resposta esta semana, por escrito, às exigências levantadas pela Rússia. Enquanto isso, o presidente americano Joe Biden decidiu colocar suas tropas em estado de alerta, o que aumentou a pressão.
A medida pareceu pegar alguns líderes europeus de surpresa, preocupados em não provocar o Kremlin.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que deseja propor "um caminho de desescalada" ao russo Vladimir Putin "nos próximos dias". O Kremlin confirmou que vão conversar esta semana.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também lançou um apelo para não "dramatizar" a situação.