Médico sírio julgado por tortura expressa 'compaixão' pelas vítimas
Um médico sírio julgado na Alemania por torturas a opositores ao governo de Bashar Al-Assad e um assassinato expressou nesta terça-feira (25) sua "compaixão" pelas vítimas.
Alaa Moussa, que chegou na Alemanha em 2015, onde exerceu a medicina até sua prisão em 2020, é julgado em Frankfurt por crimes contra a humanidade.
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Este médico de 36 anos deve responder por 18 casos de tortura a opositores e pelo assessinato por injeção de um detido enquanto trabalhava em hospitais militares.
"Vi o serviço secreto militar agredir os detidos feridos. Sentia compaixão por eles, mas não podia dizer nada, caso contrário eu estaria no lugar do detido", afirmou o acusado nesta terça-feira no tribunal.
Relatando sua experiência no hospital militar de Homs em 2011, um dos redutos da oposição ao governo sírio, Moussa descreveu o "caos" que segundo ele reinava por causa da repressão.
Acrescentou que alguns detidos apresentavam sinais de tortura e agressão.
Mas Moussa, médico civil, explicou que nunca questionou, já que seu superior o advertiu que os serviços secretos militares "controlavam" o hospital.
Ao menos em uma ocasião, o acusado afirma que viu um paciente com os olhos vendados, as mãos presas nas costas e que foi agredido por membros do serviço secreto e pessoal médico militar do hospital.
"Tinha muito medo dos serviços secretos militares e também da equipe médica que se juntava a eles", afirmou perante o tribunal.
Para ele, manter os prisioneiros com os olhos vendados durante os maus-tratos era "desumano".
Em relação a se sentia simpatia ou não pelos opositores, o médico explicou que nem ele nem sua família eram militantes políticos. "Mas eu também não era um super defensor do governo", acrescentou.
Moussa é julgado na Alemanha devido ao princípio da "jurisdição universal".
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