Djokovic treina para Aberto da Austrália, mas participação não está garantida

O tenista Novak Djokovic treinou nesta terça-feira (11) na sede do Aberto da Austrália após vencer uma batalha legal contra sua deportação, mas sua participação no primeiro torneio de Grand Slam da temporada está pendente de uma decisão do governo sobre o cancelamento de seu visto.

O número um do ranking mundial e nove vezes campeão do Aberto australiano foi visto realizando trabalhos de aquecimento em uma academia com seu treinador Goran Ivanisevic antes de se dirigir à zona dos jogadores e seguir para a quadra central, seis dias antes do início das competições em Melbourne.

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Apesar de ter permanecido retido em um centro de detenção de imigrantes por vários dias, Djokovic disse na segunda-feira que sua intenção é jogar o Aberto. Nesta edição, espera conquistar seu 21º título de Grand Slam e, assim, superar Roger Federer e Rafael Nadal.

"Vim aqui para jogar em um dos torneios mais importantes que temos diante de torcedores maravilhosos", declarou o sérvio no Instagram.

Mas tudo está nas mãos do secretário australiano do Interior, Alex Hawke, responsável pela área de imigração, que estuda cancelar o visto do tenista mais uma vez, segundo admitiu um porta-voz da pasta.

Um novo elemento pode fragilizar a posição do sérvio, que, ao contrário do que declarou em um documento de viagem, viajou da Sérvia para a Espanha no fim de dezembro, de acordo com diferentes publicações e mensagens nas redes sociais.

Segundo uma cópia de sua declaração, o jogador garantiu que não havia viajado nos 14 dias anteriores à sua chegada à Austrália, em 5 de janeiro. Porém, algumas informações sugerem que ele, que é morador de Monte Carlo (Mônaco), esteve na Sérvia e na Espanha nessas duas semana anteriores.

Também causa controvérsia o argumento de que Djokovic testou positivo para covid em 16 de dezembro, pois o tenista foi visto em atos públicos tanto naquele dia como no seguinte.

O sérvio, que não está vacinado contra a covid-19, obteve na segunda-feira uma vitória judicial contra sua expulsão da Austrália. O governo havia cancelado seu visto, alegando que não cumpria os requisitos sanitários impostos no país, devido à pandemia.

O atleta desembarcou em Melbourne na quarta-feira, com uma isenção médica da obrigação de vacinar concedida pelos organizadores do torneio. Para isso, alegou ter tido covid em 16 de dezembro.

"Não estou vacinado", disse Djokovic ao oficial de imigração que o interrogou, de acordo com uma transcrição divulgada pelo tribunal.

Os poucos estrangeiros admitidos na Austrália devem ter vacinação completa, ou isenção médica. O governo insiste que um contágio recente não é válido para obter a isenção.

Apesar disso, o juiz federal Anthony Kelly reverteu a decisão do governo na segunda-feira, ordenando a libertação imediata do jogador, e que o governo pague custas judiciais.

O Executivo já havia desistido do caso, depois de concordar que o interrogatório de Djokovic no aeroporto foi "inadmissível" porque não foi dado ao jogador o prazo prometido para responder antes de anular o seu visto.

Foi "a maior vitória de sua carreira, maior do que todos os seus Grand Slams", declarou sua mãe, Dijana, em uma entrevista coletiva em Belgrado.

"A verdade e a justiça vêm à tona. Quero agradecer ao sistema judicial da Austrália", acrescentou o seu irmão Djordje.

Nesta terça-feira, a imprensa sérvia continuava apoiando o seu atleta, como o jornal independente Danas, para quem o "drama australiano só fortalecerá" Djokovic.

"Estão tentando desestabilizá-lo por todos os meios. Se esqueceram ou não sabem que ele vive sob pressão há 15 anos e passa por isso com sucesso", advertiu em um coluna nessa mesma publicação o seu ex-técnico Nikola Pilic.

Enquanto treinava outra vez no Melbourne Park, alguns fãs se aproximaram para ver o tenista. Ofek Dvir Ovadia, de 22 anos, comentou que Djokovic terá de "lidar com vaias, quando jogar diante do público em geral", mas que espera que algumas pessoas ainda apoiem o tenista.

A Associação de Tenistas Profissionais (ATP), que organiza o circuito masculino, disse que o caso "tem sido prejudicial em todas as frentes", inclusive para o tenista e sua preparação para o Aberto da Austrália.

A ex-tenista tcheca Martina Navratilova utilizou as redes sociais para manifestar seu apoio a Djokovic: "Deixem ele jogar!"

Por sua vez, a tenista tcheca Renata Voracova, especialista em duplas, anunciou hoje que pedirá uma compensação financeira à Federação Australiana de tênis (TA, na sigla em inglês), por ter sido alojada no mesmo centro de retenção que Novak Djokovic ficou em Melbourne, antes de deixar o país com seu visto cancelado, mesmo tendo obtido uma isenção médica para viajar.

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