Baianos tentam se recuperar após inundações devastadoras no estado
19:05 | Dez. 29, 2021
Os moradores de cidades baianas afetadas por chuvas e inundações intensas tentavam recuperar o que podiam dos escombros nesta quarta-feira (29), à espera de mais ajuda e de uma melhora do tempo nos próximos dias.
Ao menos 21 pessoas morreram em consequência de chuvas, deslizamentos e inundações desde o fim de novembro, quando foram registrados os primeiros temporais no sul da Bahia, tanto em zonas costeiras quanto no interior.
"Passamos um sufoco muito grande, foi devastador aqui na rua. Cheguei em casa, já estava tomada de água. Entrei com água no umbigo", contou à AFP a dona de casa Eliane Silva, diante dos poucos pertences que restaram de sua casa em Itambé, 600 km ao sul de Salvador.
"Minha mãe também perdeu tudo", lamentava, contando que só pretende voltar para casa "depois que o sol esquentar, quando melhorar o tempo", o que é esperado para os próximos dias.
Após a divulgação de imagens aéreas de cidades inteiras debaixo d'água nos últimos dias, nesta quarta-feira diversos grupos de autoridades e da sociedade civil podiam ser vistos na TV distribuindo provisões, doações de alimentos, roupas, colchões e outros artigos de primeira necessidade.
"Estamos olhando nos escombros, tentando aproveitar o que dá. Está chegando muita ajuda, água mineral, doações de igrejas evangélicas, com roupa, alimento... Fazendeiros oferecendo leite", contou Watson Gomes, um trabalhador rural que hospeda em sua casa dez pessoas que ficaram desabrigadas.
"Só tenho um quarto e duas salas, mas todos cabem ali. A prefeitura e os empresários da cidade têm ajudado bastante com cestas básicas e também tem vindo ajuda de fora", relatou Gomes.
As inundações afetaram 136 comunidades, quase um terço dos municípios baianos, e deslocaram mais de 77.000 pessoas de suas casas entre os quase meio milhão de flagelados.
E pelo menos 40 rodovias estaduais sofreram interrupções ou danos em consequência das chuvas.
O governador do estado, Rui Costa (PT), qualificou a tragédia de o "maior desastre" da história da Bahia.
Apesar de ter enviado vários ministros e liberado recursos para a reconstrução de estradas na região, o presidente Jair Bolsonaro tem enfrentando duras críticas há vários dias por continuar de férias no sul do país e não visitar pessoalmente a área afetada pelo desastre.
O presidente sobrevoou algumas regiões afetadas em 12 de dezembro, mas desde então não voltou à Bahia e tem aparecido nas redes sociais aproveitando as férias com a família nas praias de Santa Catarina, frequentemente cercado de apoiadores e curiosos.
O jornal Folha de S. Paulo estampou nesta quarta-feira na capa uma foto de Bolsonaro pilotando uma moto aquática com a filha, em contraste com a imagem de uma senhora afetada pelas inundações, de pé, em frente aos escombros de sua casa.
"Espero não ter que retornar antes" do previsto a Brasília, disse Bolsonaro na terça-feira ao ser abordado na praia, segundo um vídeo divulgado pelo jornal local ND Mais.
O presidente liberou um crédito extraordinário de 200 milhões de reais para a reconstrução da infraestrutura nas estradas afetadas pelas chuvas em cinco estados, inclusive a Bahia, que receberá a maior parte: R$ 80 milhões.
Mas o governador Rui Costa considerou a medida "insuficiente" e pediu "mais recursos" para enfrentar a situação de crise.
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