Gabriel Boric é eleito presidente do Chile

O adversário Jose Antonio Kast, de extrema direita, já reconheceu a derrota e ligou para Boric parabenizando-o pelo triunfo

19:35 | Dez. 19, 2021

Por: Vítor Magalhães
Gabriel Boric foi eleito presidente do Chile (foto: CLAUDIO REYES / AFP)

O Chile tem um novo presidente eleito. O deputado e ex-líder estudantil Gabriel Boric, 35, foi o vencedor do segundo turno eleitoral no país andino; derrotando o opositor de extrema direita, o advogado José Antonio Kast, também chamado de “Bolsonaro chileno”. Kast já reconheceu a derrota e ligou para Boric para parabenizá-lo pela vitória.

Com 99,79% de urnas apuradas até às 19h37min deste domingo, 19, Boric tem 55,86% dos votos contra 44,14% de Kast; consolidando uma tendência irreversível segundo a imprensa chilena.

A partir de março, quando tomar posse, Boric será o presidente mais jovem da América Latina e mais um governante de espectro mais à esquerda a assumir o poder na região em 2021. As urnas abriram às 8h e fecharam às 18h (horário de Brasília). O resultado foi divulgado ainda na noite de domingo.

É importante ressaltar que no Chile o voto é facultativo. Menos da metade (47%) dos mais de 15 milhões de eleitores inscritos no primeiro turno compareceram ao pleito no último dia 21 de novembro, portanto, a abstenção ganhou ares decisivos com o acirramento e a paridade entre Boric e Kast apontada nas últimas pesquisas eleitorais disponíveis.

Durante o dia eleitoral, usuários do transporte coletivo alegaram que havia escassez de ônibus para o deslocamento até determinados pontos de votação na Região Metropolitana da capital Santiago; onde Boric tem mais penetração. O governo do presidente Sebastián Piñera (centro-direita) disse que havia mais ônibus circulando ontem do que no 1º turno.

Com a vitória de Boric, o Chile deve ampliar a agenda de transformações sociais exigidas na onda de protestos iniciada em outubro de 2019. Conhecido como 'estallido social' (explosão social), os atos duraram meses e seus efeitos derreteram a imagem do atual governo e de projetos da classse política dominante e levou o Chile a votar pela confecção de uma nova Constituição que deve ter sua primeira versão apresentada já em 2022.

A atual Constituição chilena, bem como o modelo político-econômico, é uma herança da época da Ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990) que ao longo dos anos agravou desigualdades e culminou na revolta social chilena. Durante a campanha, Boric disse que a eleição presidencial era entre um "pinochetista" conservador, em referência à postura de Kast que já defendeu a ditadura, e o bem-estar da população.

O agora presidente eleito defende bandeiras que envolvem permissão para o aborto, o casamento gay e foi voz ativa na campanha para a redação da nova Carta Magna chilena. Na religião, Boric declarou-se agnóstico e disse que respeita todas as expressões de fé. Foi a primeira vez nas eleições presidenciais, desde a redemocratização, que o candidato melhor colocado no primeiro turno não terminou como vencedor no segundo turno.