Cabras, galinhas e coelhos no carro para fugirem do vulcão Cumbre Vieja

00:10 | Set. 21, 2021

Por: AFP
O Monte Cumbre Vieja entra em erupção expelindo uma coluna de fumaça, cinzas e lava, vista de Los Llanos de Aridane, na ilha canária de La Palma, em 19 de setembro de 2021. (Foto de Borja Suares / Agencia Brasil) (foto: Borja Suares / Agencia Brasil)

Antes de fugir devido à erupção do vulcão Cumbre Vieja nas ilhas Canárias (sudoeste), Yahaira García só teve tempo de carregar em seu carro uma mochila com poucos pertences essenciais, algumas recordações e seus animais, entre eles cabras, galinhas e coelhos.

Depois de uma noite "tão ruim, com tantos terremotos", García não hesitou e abandonou sua casa no domingo por volta das 15h00 (no horário local, 11h00 BRT), pouco antes do início da erupção.

"No caminho, soubemos que o vulcão havia explodido", conta ela por telefone à AFP.

A mulher, de 34 anos, foi buscar seus pais e todos os seus animais: "quatro cabras, dois porcos, 20 galinhas, 10 coelhos, quatro cachorros e uma tartaruga", para colocá-los em segurança.

E conseguiu: "Estou nervosa, preocupada, mas estamos a salvo", suspira.

Nesta ilha de quase 85.000 habitantes, que combina a forte atividade turística com a agricultura, as autoridades também divulgaram imagens das forças de ordem retirando cabras e outros animais em suas vans.

Até o momento, a erupção não deixou nenhuma vítima, mas cerca de 5.000 pessoas foram retiradas de suas casas, enquanto "quase 100 casas" foram destruídas pelo rio de lava que descia para a costa nesta segunda-feira.

A lava descia devorando jardins e casas em sua passagem, segundo as imagens dos serviços de emergência e de alguns moradores nas redes sociais.

No sábado, "minha casa balançava demais, parecia que ia cair", conta Yahaira, agora aliviada por saber que sua casa ficou intacta.

Quando estava indo embora, Yahaira viu a coluna de lava, essa massa "laranja que explodia" e sentiu o chão se mover. E "esse barulho, de quando o mar está muito agitado, com muitas explosões".

Angie Chaux, que também mora no município, não estava em casa quando as autoridades pediram aos vizinhos que se retirassem. Cruzando com "muitos carros, muita gente" pelo caminho, chegou perto de sua casa às 04h30, mas a estrada estava fechada.

"Foi muito rápido. A polícia nos deixou passar e nos disse 'vocês têm 3 minutos', disseram que eu devia ir embora já" com seu marido e seu filho de três anos, contou Chaux.

Chaux, de 27 anos, acompanha a situação pela televisão e percebeu que a lava não está a mais de 700 metros de sua casa. "Estou nervosa porque não sabemos o que vai acontecer", confessou.

A maioria das 5.500 pessoas evacuadas não sabe quando poderá voltar para casa.