China vai incluir "Pensamento de Xi Jinping" no currículo escolar

Autor DW Tipo Notícia
Xi Jinping durante evento que celebrou os 100 anos do Partido Comunista Chinês. Regime diz que medida visa promover "amor ao país, ao Partido Comunista e ao socialismo". Líder da China desde 2013, Xi relançou culto à personalidade e passou a concentrar poder numa escala não vista desde Mao Tsé-Tung.O Ministério da Educação da China anunciou nesta quarta-feira (25/08) que escolas e universidades vão ter que incorporar nos seus currículos conteúdo sobre "o pensamento político de Xi Jinping", atual presidente chinês e secretário-geral do Partido Comunista da China (PCC), que no momento concentra poder numa escala não vista desde Mao Tsé-Tung,A diretriz aponta que a medida visa "ajudar os adolescentes a acreditar no marxismo" e cultivá-los com uma "forte base moral, intelectual, física e estética" que lhes permita "formar os seus próprios julgamentos e opiniões políticas"."As escolas primárias vão ter como foco a promoção do amor ao país, ao PCC e ao socialismo. As escolas secundárias combinarão o estudo com a experiência perceptiva, enquanto as universidades enfatizarão o pensamento teórico", destacou o texto.O ministério acrescentou que "estudar o pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era é a tarefa mais importante que o PCC e o país têm" e que "é necessário armar as mentes dos estudantes" com essa doutrina."Deve ser sintetizado e esclarecido. Devemos também fornecer aos alunos ferramentas para desenvolver o seu espírito de sacrifício, bem como noções para que aprendam tudo relacionado ao conceito de segurança nacional", destacou o texto.A diretriz também ordena o reforço das "tradições revolucionárias" para "continuar a desenvolver o socialismo com características chinesas", que Xi considerou, em 2021, um "caminho único para a civilização chinesa", que "criou um novo modelo de progresso humano".Desde que assumiu a liderança da China, entre 2012 e 2013, Xi Jinping atuou para centralizar o comando do país em sua figura, lançando uma nova onda de culto à personalidade. Descrito como um "ditador" e uma figura autoritária por estudiosos e críticos do regime chinês, ele se tornou rapidamente um líderes mais fortes da China desde o fundador do regime comunista, Mao Tsé-Tung (1949-1976).O "pensamento político" de Xi foi incluído nos estatutos do Partido e na Constituição do país, durante o Congresso do PCC, em outubro de 2017.No poder, Xi aboliu o limite de mandatos para o seu cargo, criando um organismo com poder equivalente ao executivo para supervisionar a aplicação das suas políticas e promover aliados a posições chave do regime, desmantelando o sistema de "liderança coletiva" cimentado pelos líderes chineses no final dos anos 1970 para evitar a repetição do período sangrento do maoísmo.Ele também aumentou a projeção da influência internacional da China, com a expansão de projetos como a "Nova Rota da Seda".Internamente, no entanto, ele se destacou por sufocar as liberdades do território semiautônomo de Hong Kong, instalar programas de vigilância em massa da população e por provocar indignação internacional com o aprisionamento de milhares de membros da minoria uigur, numa ação descrita por grupos de defesa dos direitos humanos como "genocídio" ou "crime contra a Humanidade".A pandemia de coronavírus, que foi registrada inicialmente na China, também provocou críticas internacionais sobre falta de transparência do regime.Desde 2017, milhões de funcionários públicos e membros do PCC têm que ler os discursos de Xi e estudar a sua teoria política, que segundo a imprensa oficial do país, representa uma "contribuição histórica" para o desenvolvimento do Partido e a readaptação do marxismo à China contemporânea.jps (Lusa, Reuters, ots)

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