Desempenho do judoca Tohar Bulut ficou em segundo plano após o sudanês Mohamed Abdalrasool se tornar o segundo atleta a se recusar a lutar contra o israelense.O judoca sudanês Mohamed Abdalrasool optou por não enfrentar o israelense Tohar Butbul nas oitavas de final na categoria até 73kg dos Jogos de Tóquio, confirmaram autoridades olímpicas nesta segunda-feira (26/07). É o segundo judoca a desistir de lutar contra o israelense de 27 anos, após o argelino Fethi Nourine fazê-lo no início do torneio.
Oficialmente, foi alegada uma lesão no ombro de Abdalrasool, mas a retirada tardia levanta dúvidas após a suspensão de Nourine pela Federação Internacional de Judô (IJF) por não comparecer à sua própria luta contra Bulut.Ao contrário da Argélia, um país com o qual Israel não tem laços oficiais, o Sudão normalizou suas relações com o Estado judeu em janeiro de 2021 como parte dos Acordos de Abraão, entre Israel e os Emirados Árabes Unidos. O acordo foi alvo de amplos protestos no país."Essas são coisas que às vezes acontecem no judô", disse Bulut a repórteres. "Não é incomum para mim. Essas coisas acontecem com atletas israelenses, mas não quero discutir política agora.""Representei a Argélia"Depois de se retirar dos Jogos no sábado, o judoca argelino Nourine disse "apoiar totalmente a causa palestina". O atleta de 30 anos usou depois o Facebook para responder a supostas críticas dirigidas a ele de dentro da Associação de Judô da Argélia."O presidente da Associação de Judô ficou surpreso com minha decisão de não participar da luta. Ele disse que eu represento a Argélia, não a Palestina", escreveu. "Foi uma honra para mim representar a Argélia em diferentes competições desportivas. Ao me retirar, também representei a Argélia."Muitos argelinos criticaram nas redes sociais a decisão de Nourine, tachando a medida como "comportamento antidesportivo"."Esporte e política precisam ser separados, foi suspenso com razão", dizia um comentário no Facebook. "Os atletas precisam ter em mente que podem enfrentar os israelenses antes das competições. Ou ficam até o final ou então não competem, evitando todo esse circo", disse outro.História de boicotesOs esportistas israelenses não são estranhos aos boicotes que ocorrem principalmente em outros esportes. A atenção internacional é frequentemente conquistada quando se trata do judô, um esporte no qual Israel é conhecido por se destacar. Cinco das dez medalhas olímpicas de Israel em todos os tempos foram conquistadas na modalidade.O boicote mais conhecido por motivos políticos ocorreu em setembro de 2019, quando o judoca iraniano Saeid Mollaei foi ordenado pelas autoridades iranianas a perder intencionalmente a semifinal do Campeonato Mundial de Judô em Tóquio para evitar uma possível luta contra o israelense Sagi Muki na final. Como resultado, Mollaei decidiu desertar e agora representa a Mongólia, e é até conhecido por ser amigo de Muki.Dado que o fenômeno não é nada novo, a notícia foi recebida com uma reação decididamente sarcástica em Israel. "Mais alguns boicotes, e a medalha de ouro é nossa", tuitou um usuário em hebraico.Butbul terminou em sétimo lugar na categoria até 73kg e ficou claramente desapontado com o resultado. "Vim aqui com o objetivo de vencer. É isso que sempre quis em toda a minha carreira, mas no judô às vezes há uma pequena lacuna entre o plano e a realidade", disse o jogador de 27 anos.No entanto, são mais uma vez as decisões de seu oponente e não suas conquistas esportivas que estiveram em primeiro plano em sua experiência olímpica.O político israelense Yoel Razvozov, ex-judoca que sofreu boicote no Campeonato Mundial de Judô em 2001, usou o Twitter para saudar a decisão de suspender Fethi Nourine da Argélia: "Não há lugar para política no esporte. Se você não quiser competir contra nós, fique em casa."Autor: Felix Tamsut