França amplia restrições para conter variante Delta e 1 milhão agendam vacinação
Mais de um milhão de franceses marcaram consultas para serem vacinados depois que o presidente Emmanuel Macron anunciou que será necessário apresentar um certificado de imunização ou um teste negativo de covid-19 para entrar em bares, restaurantes e cinemas, ou para viajar em trens e aviões.
O chefe do principal site de marcação de consultas disse nesta terça-feira, 13, que o tráfego atingiu um pico após o pronunciamento de Macron na televisão na noite de segunda-feira, 12. "Registramos 20 mil consultas por minuto, um recorde absoluto desde o início da campanha, e continuou durante a noite e esta manhã", disse o diretor do site Doctolib, Stanislas Niox-Chateau, à rede BFM.
Até o meio-dia desta terça-feira, 13, 1,3 milhão de pessoas reservaram horários para se vacinar, de acordo com a Rádio França Internacional. No país é preciso marcar um horário pela internet ou por telefone para receber a imunização.
Macron anunciou que, a partir de agosto, quem quiser sair para comer, beber, pegar um trem de longa distância ou fazer compras em um shopping terá que apresentar comprovante de vacinação ou resultado negativo de teste de covid-19. Este comprovante também será necessário para assistir a festivais, teatro ou cinema, a partir da próxima semana.
O chefe de Estado também anunciou a vacinação obrigatória, a partir de setembro, para os profissionais da saúde, trabalhadores em lares de idosos e outros que trabalham com pessoas vulneráveis.
Aqueles que quebrarem a regra "não poderão trabalhar e não serão pagos", disse o ministro da Saúde, Olivier Véran.
Macron explicou que o objetivo do governo é reconhecer a "civilidade" dos vacinados e "impor restrições aos não vacinados, e não a todos".
O número de infecções aumentou consideravelmente na França nas últimas semanas. O país atingiu mais de 4 mil casos nos últimos dias, devido à variante Delta - cepa identificada inicialmente na Índia e mais infecciosa que as demais.
'Brutalidade indecente'
As medidas provocaram fortes críticas nas redes sociais. A palavra-chave "ditadura" ganhou destaque no Twitter, em meio a denúncias de que o governo impôs vacinação obrigatória de forma velada.
Alguns alegaram que essas medidas violam a liberdade pessoal de escolher se vacinar, ou não, enquanto os antivacinas formulavam teorias conspiratórias sobre as ligações entre o governo e as empresas farmacêuticas.
A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, criticou o governo por tornar a vacinação obrigatória para os profissionais da saúde.
"Nós os consideramos heróis, sempre presentes, apesar de seus baixos salários e difíceis condições de trabalho. Agora nós os fazemos se sentirem culpados e ameaçados, com brutalidade indecente", escreveu no Twitter.
O diretor do grupo de cinema CGR, Jocelyn Bouyssy, disse estar "muito zangado" com os anúncios, que serão difíceis de implementar e podem impedir que muitos franceses acessem as salas.
Os donos de restaurantes também receberam os anúncios com pessimismo.
Véran insistiu em que essas medidas "não são chantagens", e sim necessárias para evitar um novo confinamento.
"Não há obrigação de ser vacinado, há um incentivo máximo", acrescentou o porta-voz do governo, Gabriel Attal, dizendo-se "satisfeito em ver que a mensagem do presidente foi ouvida".
Cerca de 35,5 milhões de pessoas - pouco mais da metade da população francesa - receberam pelo menos uma dose da vacina até agora, mas a taxa de injeções diminuiu nas últimas semanas.
A França é um dos países mais céticos do mundo em relação às vacinas. No final de 2020, apenas 40% dos franceses estavam prontos para receber a injeção. (Com agências internacionais)
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