Local da morte de Júlio César vai virar museu

A prefeita de Roma, Virginia Raggi, anunciou nesta quarta, 14, que as ruínas do Largo di Torre Argentina, onde o imperador Júlio César foi assassinado, em 15 de março do ano 44 a.C., serão abertas para visitação pública a partir de 2022. A chamada "Área Sacra", no coração da cidade, vai virar um museu a céu aberto, segundo Raggi, com o patrocínio da Bulgari, empresa de joias e artigos de luxo.

O projeto, orçado em € 985 mil (cerca de R$ 6,7 milhões) faz parte de um modelo de parceria entre empresas e poder público que tem ajudado a conservar o patrimônio arquitetônico e cultural de Roma. A Bulgari financia a reforma e, em troca, tem o direito de atrelar sua marca ao local histórico.

A empresa já investiu cerca de € 1,5 milhão na renovação da escadaria da Piazza di Spagna, em 2016. O modelo possibilitou reformas em pontos como a Fontana di Trevi, pela marca Fendi, e Coliseu, pela Tod's, marca italiana de sapatos.

As obras de restauração do sítio arqueológico, que abriga as ruínas de quatro templos, localizados entre o Panteão e o bairro judeu, começarão em maio e deverão estar prontas no ano que vem. "Graças a esse trabalho, poderemos caminhar no meio dos vestígios da nossa história", disse a prefeita de Roma.

O assassinato de Júlio César é um dos crimes mais célebres da história. O Largo di Torre Argentina é um complexo de templos e prédios públicos da época da República de Roma e dos primeiros anos do Império Romano.

O ponto não tem nenhuma relação com o país sul-americano, mas ganhou esse nome por causa de Johannes Burckardt, um bispo alemão que foi mestre de cerimônia de vários papas no século 15. Ele nasceu em Estrasburgo, na França, que era chamada de "Argentoratum", em latim. Burckardt construiu seu palácio no largo e, em anexo, a Torre Argentoratina, que acabou batizando o local.

Hoje, cercado por ruas movimentadas, pontos de ônibus e táxis e lojas, o Largo di Torre Argentina é uma praça que não lembra em nada a grandiosidade do ano em que Júlio César foi assassinado. Na ocasião, o ditador romano, de 55 anos, foi cercado por 60 senadores, incluindo seu filho ilegítimo Marcus Iunius Brutus, e morreu com 23 facadas - que teria deixado para a posteridade a frase "Até tu, Brutus, filho meu". A emboscada aconteceu na Cúria de Pompeu, salão que abrigava encontros e sessões do Senado de Roma, no Campo de Marte. O motivo foi o temor de que Júlio César se declarasse rei.

As ruínas da praça foram descobertas por acaso durante as escavações de 1926 feitas para o plano urbano que o ditador Benito Mussolini promoveu para modernizar a cidade, que incluía a demolição de edifícios medievais. Em lugar da modernização, Mussolini se deparou com mais um sítio histórico da Cidade Eterna.

Além do ponto de reuniões do Senado, foram revelados restos de quatro templos, de vários períodos. O Templo de Juturna, do 3.º século a.C, foi posteriormente reconstruído como Igreja de São Nicola de Calcario, que também está em ruínas. O Templo da Fortuna do Dia, concluído em 101 a.C., tem formato redondo e seis colunas ainda de pé.

O mais antigo é o Templo de Ferônia, do século 3.º a.C, cujos mosaicos brancos, colocados após um incêndio no ano 80 d.C., ainda são visíveis. O maior é o Templo dos Lares Permarinos, do 2.º século a.C., cuja fundação ainda não foi escavada.

O público nunca teve acesso ao complexo arqueológico. Com a reforma, serão instaladas passarelas por entre as ruínas, iluminação especial, saídas de emergência e banheiros públicos. "Estamos nos preparando para a chegada dos turistas, quando acabar a pandemia", disse a prefeita. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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ITÁLIA/ROMA/JÚLIO CÉSAR/MORTE/MUSEU

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