Perseverance, o rover disposto a descobrir se existiu vida em Marte

Pela primeira vez, a missão da agência espacial americana tem o objetivo explícito de encontrar vestígios de vida antiga no Planeta Vermelho

Sete meses de viagem espacial, décadas de trabalho e bilhões de dólares investidos para responder a uma única pergunta: a vida já existiu em outro lugar que não a Terra? A NASA tenta responder a esta pergunta com a aterrissagem nesta quinta-feira (18) de seu mais recente rover, o Perseverance.

 

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Pela primeira vez, a missão da agência espacial americana tem o objetivo explícito de encontrar vestígios de vida antiga no Planeta Vermelho, coletando cerca de 30 amostras de rochas ao longo de vários anos.

 

Elas serão trazidas à Terra em uma missão planejada para a década de 2030 para serem analisadas e talvez se possa, enfim, responder "uma das questões que nos acompanha há séculos, a saber: estamos sozinhos no Universo?", explicou na quarta-feira Thomas Zurbuchen, administrador associado da NASA.

 

Perseverance é o maior e mais complexo veículo já enviado para Marte. Construído no Laboratório de Propulsão a Jato (Jet), na Califórnia, pesa uma tonelada e está equipado com um braço robótico de quase dois metros e 19 câmeras.

 

A missão ferá uma manobra muito perigosa nesta quinta-feira, no local de pouso mais arriscado já tentado, devido ao seu relevo: a cratera de Jezero.

 

Pouco depois das 20h30 GMT (17h30 de Brasília), entrará na atmosfera de Marte a uma velocidade de 20.000 km/h, protegido por seu escudo térmico que será ativado após a abertura de um enorme paraquedas supersônico. Oito motores que vão apontar para o solo vão desacelerar o veículo e, então, suas seis rodas descerão, sustentadas por cabos, até tocarem o solo.

 

"O céu parece claro para pousar amanhã. Mas, mesmo com céu claro, o pouso é a parte mais perigosa da missão, e não podemos garantir seu sucesso", disse Allen Chen, responsável pela descida, em entrevista coletiva.

 

Se Perseverance chegar intacto, as primeiras imagens poderão ser transmitidas logo em seguida.

 

 

Os pesquisadores acreditam que a cratera de Jezero abrigou um lago com cerca de 50 km de largura há mais de 3,5 bilhões de anos.

 

"Temos evidências muito fortes de que Marte pode ter abrigado vida no passado", disse o vice-diretor da missão, Ken Williford, na quarta-feira (17).

 

"A questão é: a Terra é uma anomalia, um golpe de sorte?", completou.

 

Os cientistas procuram o que chamam de bioassinaturas: traços de vida microbiana que "podem assumir todos os tipos de formas", como "químicos", ou "mudanças ambientais", explicou a diretora do programa de astrobiologia da NASA, Mary Voytek.

 

"Os astrobiólogos sonham com essa missão há décadas", afirmou, com entusiasmo.

 

"Ou encontramos vida, e isso seria um achado excepcional, ou não, (...) e isso vai sugerir que nem todos os ambientes habitáveis são habitados", apontou Ken Farley, cientista do projeto.

 

 

Os primeiros meses da missão não serão dedicados a este primeiro objetivo, mas a experiências paralelas.

 

A NASA quer, em particular, mostrar que é possível pilotar um veículo motorizado em outro planeta.

 

O helicóptero Ingenuity tentará subir no ar com densidade equivalente a 1% da atmosfera terrestre.

 

Dois microfones têm a função de registrar o som do Planeta Vermelho.

 

A NASA também fará experiências com a produção de oxigênio em Marte. Um instrumento chamado MOXIE, do tamanho de uma bateria de carro, deve ser capaz de produzir até 10 g de oxigênio em uma hora, sugando o dióxido de carbono da atmosfera, em um processo semelhante ao de uma planta.

 

Este oxigênio poderia ser usado para os humanos que forem para Marte no futuro, mas também como combustível.

 

Perseverance, se conseguir, será o quinto veículo a pousar em solo marciano. Desde o primeiro, em 1997, todos foram americanos. Um deles, o Curiosity, continua com sua missão no planeta.

 

Recentemente, a China colocou na órbita de Marte sua sonda "Tianwen-1", que contém um robô que deve tentar pousar entre maio e junho.

 

 

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