Maradona tinha transtornos hepático, renal e cardíaco, apontam exames
o MP de San Isidro (periferia norte) divulgou os resultados das análises complementares da necropsia, ordenadas para determinar se houve negligência imprudência, ou imperícia nos tratamentos de saúde
13:49 | Dez. 23, 2020
O lendário Diego Maradona sofria de doenças hepáticas, cardiovasculares e renais, mas não havia indícios de consumo de álcool, ou de narcóticos, nos estudos histopatológicos e toxicológicos - informou o Ministério Público de San Isidro, que investigava sua morte ocorrida em 25 de novembro, aos 60 anos.
Em nota divulgada na noite de terça-feira, 22, o MP de San Isidro (periferia norte) divulgou os resultados das análises complementares da necropsia, ordenadas para determinar se houve negligência, imprudência, ou imperícia nos tratamentos de saúde.
De acordo com o relatório, Maradona sofria de cirrose, necrose tubular aguda (transtorno renal), glomeruloesclerose focal (insuficiência renal), aterosclerose (acúmulo de gordura e colesterol nas artérias), doença isquêmica do coração (aterosclerose das artérias coronárias) e hiperplasia arterial no nó sinoatrial (doença cardíaca).
A análise toxicológica de amostras de sangue e urina apresentou resultados negativos para álcool e entorpecentes, mas positivos para desmetilvenlafaxina (antidepressivo), quetiapina (antipsicótico atípico), levetiracetam (convulsões) e naltrexona (usada em programas de tratamento para dependências).
Também foram detectados metoclopramida (para sintomas de esvaziamento lento do estômago) e ranitidina (para tratamento de úlcera).
"É tão importante o que apareceu quanto o que não emergiu desses testes de laboratório, que, à primeira vista, confirmam que Maradona recebia drogas psicotrópicas, mas nenhuma medicação para suas doenças cardíacas", disse um dos pesquisadores à agência Telam.
A psiquiatra Agustina Cosachov e o cirurgião cardíaco Leopoldo Luque estão sob a lupa da Justiça por serem os dois profissionais que atendiam o ex-capitão albiceleste.
A necropsia realizada no dia de sua morte determinou que o "Pelusa" morreu em consequência de um "edema agudo de pulmão secundário a uma insuficiência cardíaca crônica agudizada, com miocardiopatia dilatada".
Há 20 anos, seu coração pesava o dobro do normal.
O campeão mundial consagrado no México-1986 havia sido operado de um hematoma na cabeça em 3 de novembro, cinco dias após seu 60º aniversário, em 30 de outubro. Nessa data, sua péssima condição física e a dificuldade de falar ao se apresentar no campo do Gimnasia, a equipe dirigia por ele, chocaram os presentes.
Maradona morreu sozinho em uma casa em um bairro cerca de 30 km ao norte de Buenos Aires, para onde foi transferido oito dias após sua operação na cabeça, mas onde não teria tido condições adequadas para continuar seu tratamento e o pós-operatório, segundo a inspeção judicial.
Antes da última intervenção cirúrgica, ele havia sido internado com sintomas de desidratação e de depressão, após oito meses de confinamento pela pandemia de coronavírus.
Maradona chegou ao topo mundial com a conquista da Copa do Mundo de 1986 no México e se tornou um símbolo histórico da Albiceleste. Ao longo de sua trajetória, sofreu graves problemas de saúde, devido ao seu quadro de dependência, que o levou à beira da morte mais de uma vez.
Alfredo Cahe, que foi médico pessoal de Maradona por três décadas até 2007, considerou que o ex-jogador de futebol pode ter cometido "uma espécie de suicídio".
"Me dá a impressão de que Diego se largou e cometeu uma espécie de suicídio", afirmou o médico, em declarações à rádio Rivadavia dias atrás, questionando os médicos que o trataram nos últimos tempos.
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