Alemanha fecha comércio e estica férias para frear contágio no Natal e ano-novo

Até 10 de janeiro, apenas estabelecimento considerados essenciais, como supermercados, farmácias, postos de gasolina e bancos, poderão permanecer abertos

A Alemanha fechará todo o comércio não essencial na quarta-feira, 16, e o manterá assim até 10 de janeiro, interrompendo a temporada de compras de Natal para tentar conter a propagação da Covid-19, em alta no país. As escolas ficarão fechadas no mesmo período, o que significa uma ampliação de férias estudantis que coincidem com as festas de fim de ano.

"Em razão das compras de Natal, o número de contatos sociais aumentou consideravelmente", disse a chanceler Angela Merkel ontem, após uma reunião com líderes dos 16 Estados federais do país mais populoso da Europa, com 83 milhões de habitantes. "Há uma necessidade urgente de agir".

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Apenas estabelecimento considerados essenciais, como supermercados, farmácias, postos de gasolina e bancos, poderão permanecer abertos no período. A venda de fogos de artifício será proibida. Salões de beleza e estúdios de tatuagem também terão de fechar.

O governador da Baviera, Markus Soeder, disse que a proibição de fogos ocorreu após apelos de hospitais, que se disseram incapazes de tratar lesões resultantes de explosivos mal manuseados. As reuniões privadas serão limitadas a não mais do que cinco pessoas oriundas de duas casas diferentes. Para o Natal, a regra será flexibilizada para que as famílias possam comemorar juntas. Reuniões públicas ao ar livre na véspera do ano-novo estão vetadas. Merkel e Soeder afirmaram que é muito cedo para dizer se a economia poderá reabrir após o dia 10 de janeiro.

Maior economia da Europa, o país teve mais sucesso do que muitos países do continente na tarefa de manter a pandemia sob controle na primeira onda, em março e abril. Mas tem encontrado dificuldade na segunda. Os contágios em 24 horas chegaram a 20.200 e os mortos a 321, de acordo com os dados do Instituto Robert Koch (RKI). Desde o começo da pandemia, 21.787 pessoas morreram. A incidência atual é de 169,1 casos para cada 100.000 habitantes em sete dias. O recorde de mortes em apenas um dia foi na quinta, com 598. A Alemanha tem agora 1.320.716 infectados.

Os empregadores serão encorajados a permitir que os funcionários trabalhem em casa nas próximas semanas. Os serviços religiosos serão permitidos, desde que as regras de distanciamento sejam respeitadas e máscaras sejam usadas. Os cantos nos templos foram proibidos.

As empresas são encorajadas a fechar as instalações se puderem estabelecer um período de férias aos trabalhadores e o teletrabalho for possível. O ministro das Finanças, Olaf Scholz, disse que o governo fornecerá apoio financeiro às empresas afetadas pela mudança - segundo o plano, o comércio obrigado a fechar deve receber até 90% dos recursos - ou até 500 mil euros (R$ 3 milhões) por mês - para manutenção dos custos fixos. A agência de notícias alemã DPA informou que o valor estimado pelo governo para a medida é de 11,2 bilhões de euros (R$ 68,7 bilhões).

Resistência

 

A Alemanha está em bloqueio parcial há seis semanas, com bares e restaurantes fechados, enquanto lojas e escolas permaneciam abertas. Opositores das medidas de restritivas têm protestado regularmente em algumas cidades. No sábado, a polícia de Frankfurt e de Dresden barrou os atos. Em Frankfurt, foram usados canhões de água para dispersar a multidão no centro da capital financeira da Alemanha.

Na semana passada, o Instituto para a Democracia e Sociedade Civil, com sede em Jena, na Turíngia, lançou um estudo sobre "a correlação estatística forte e muito significativa" entre a votação na AfD (Alternativa para a Alemanha), o principal partido de extrema direita da Alemanha, e a intensidade da pandemia. A AfD é o único partido que tornou público seu ceticismo e sua oposição às restrições. Seus deputados estavam relutantes no Parlamento em usar máscara. Mais de um em cada dois eleitores da AfD (56%) considera as medidas restritivas excessivas, de acordo com uma pesquisa recente do Instituto Forsa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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