Entenda os protestos que estão ocorrendo na Tailândia

O movimento pró-democracia pede a renúncia do primeiro-ministro, o general Prayut Chan O Cha, no poder desde o golpe de 2014 e legitimado por polêmicas eleições no ano passado.

O movimento estudantil pró-democracia tailandês se intensificou há três meses e, pela primeira vez na história do país, alguns militantes não hesitam em clamar por uma reforma da realeza, até então um assunto tabu.

Mais de 20 manifestantes foram detidos nesta quinta-feira (15), incluindo líderes dos protestos, após a entrada em vigor de um decreto de emergência que proíbe reuniões políticas de mais de quatro pessoas.

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No dia anterior, em Bangcoc, milhares de manifestantes marcharam em direção à sede do governo. Veja o que sabemos sobre a situação:

 

O movimento pró-democracia pede a renúncia do primeiro-ministro, o general Prayut Chan O Cha, no poder desde o golpe de 2014 e legitimado por polêmicas eleições no ano passado.

Também pede uma modificação da Constituição, promulgada em 2017 sob a junta e muito favorável ao Exército.

Alguns ativistas vão além e pedem uma reforma da poderosa e muito rica monarquia, exigindo em particular o fim de uma lei de lesa-majestade que pune severamente qualquer difamação contra um membro da família real.

Nos termos do artigo 112 do Código Penal, difamar, insultar ou ameaçar o rei ou a sua família é punido com pena de três a 15 anos de prisão. Essa lei, que deixa muito espaço para interpretação, permite punir qualquer crítica à monarquia, principalmente nas redes sociais.

Por exemplo, em 2017, um homem foi condenado a 35 anos de prisão por postar e comentar no Facebook sobre a família real.

 

O gatilho foi a dissolução, em fevereiro, de um recente partido de oposição muito popular entre os jovens.

O confinamento do país, ao qual os turistas não têm acesso devido à pandemia do coronavírus, tem sido devastador para sua economia e amplia as já escandalosas desigualdades sociais.

Em junho, o inexplicável desaparecimento do ativista pró-democracia tailandês Wanchalearm Satsaksit, no Camboja, também desencadeou uma onda de indignação nas redes sociais e, desde meados de julho, nas ruas.

Até 30.000 pessoas marcharam em meados de setembro, na maior manifestação desde o golpe de 2014.

O movimento na quarta-feira irritou particularmente as autoridades, já que os participantes bloquearam brevemente a passagem de um cortejo real, com manifestantes levantando três dedos em desafio.

 

Nas últimas décadas, a Tailândia passou por inúmeras manifestações violentas e 12 golpes desde o fim da monarquia absoluta em 1932.

Mas ousar atacar a monarquia não tem precedentes.

Maha Vajiralongkorn, que ascendeu ao trono em 2016 após a morte de seu pai, o venerado rei Bhumibol, é uma personalidade controversa.

Em poucos anos, fortaleceu seus poderes, assumindo diretamente o controle da fortuna real.

Suas frequentes viagens para a Europa, mesmo durante a pandemia do coronavírus, também levantaram questões.

 

O movimento é, por enquanto, essencialmente estudantil e urbano.

Ele se espalhou às escolas de ensino médio do país, onde os adolescentes usam nós brancos como um sinal de solidariedade.

Por sua vez, os apoiadores da realeza organizaram contramanifestações, nas quais participaram pessoas mais velhas, protestando contra o que consideram uma afronta à monarquia.

Na quarta-feira, várias centenas de pessoas participaram da contramanifestação.

 

O decreto de emergência permite que a polícia prenda qualquer pessoa suspeita de ter participado das manifestações.

No entanto, é difícil saber se o movimento continuará após a prisão de seus principais líderes.

"Novos confrontos são esperados entre os defensores da realeza e o movimento anti-establishment", avisa Thitinan Pongsudhirak, um cientista político da Universidade Chulalongkorn.

A mudança de atitude por parte das autoridades corre o risco de "acentuar as queixas dos jovens", que desfilam pelas ruas desde este verão (boreal), e por isso as tensões.

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