Na cama do hospital, mulher é chamada de "burra" pouco antes de morrer

A transmissão ao vivo pelo Facebook foi feita por Joyce, com seu próprio smartphone, enquanto grita e pede ajuda para a equipe do hospital no Canadá.

13:59 | Out. 01, 2020

Por: Redação O POVO
Mãe de sete filhos, Joyce Echaquan foi agredida verbalmente pela equipe do hospital pouco antes de morrer (foto: Reprodução/Facebook)

O governo de Quebec, um província no Canadá, abriu um inquérito judicial e uma investigação administrativa após uma mulher da tribo Atikamekw ter sido agredida verbalmente quando estava na cama de um hospital local, pouco antes de morrer, na segunda-feira, 28. O xingamentos foram registrados em uma live no Facebook e é possível ouvir um enfermeiro chamando a paciente de “burra”.

A morte de Joyce Echaquan, de 37 anos, comoveu a reserva de Manawan, sua comunidade natal, que mobilizou uma série de protestos contra o tratamento recebido pela enferma. Mãe de sete filhos, Joyce deu entrada no hospital com dores no estômago, segundo a emissora canadense CBC. Dois dias depois, veio a óbito.

A transmissão ao vivo pelo Facebook foi feita por Joyce, com seu próprio smartphone, enquanto grita e pede ajuda para a equipe do hospital. Em dado momento, o vídeo capta a voz de um enfermeiro a dizer: “você é burra demais”. Outra voz é ouvida afirmando que a paciente fez más escolhas na vida. Por fim, um dos membros do atendimento questiona o que os filhos da mulher pensariam dela se a vissem naquele estado.

O marido de Joyce, Carol Dubé, manteve contato com ela por telefone. Ela possuía um histórico de problemas do coração e disse ao parceiro que estava recebendo morfina demais. Para Dubé, é óbvio que a equipe hospitalar maltratou sua esposa doente. “Agora tenho sete filhos sem mãe. É triste, triste”, desabafou, com voz trêmula, à Rádio Canadá.

Em entrevista coletiva na terça-feira, 29, o primeiro-ministro de Quebec, François Legault, afirmou que o tratamento recebido por Joyce Echaquan foi “inaceitável”. Quando questionado se era um caso de racismo com um membro da população indígena do país, Legault disse que havia sim, “algum racismo” no Quebec, mas não acreditava que fosse o caso do ocorrido com Joyce Echaquan.