Pandemia impõe desafio adicional à prevenção de suicídios

As atividades comemorativas e educativas deste ano decorrem sob o lema "Trabalhando Juntos para a Prevenção ao Suicídio" – e a adaptação do programa às medidas sanitárias destinadas a frear a propagação do coronavírus tem sido um desafio
Autor DW Tipo Notícia

Crise tem sido especialmente desafiadora para pessoas com problemas de saúde mental. No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, especialistas pedem que distanciamento físico não impeça ajuda a quem precisa.Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas em todo o mundo cometem suicídio.

Algumas viviam no aconchegado de grandes famílias, outros eram tão solitários que sentiam que não tinham a quem recorrer. Cada morte afeta em média 135 pessoas adjacentes – o que totaliza 108 milhões de pessoas afetadas anualmente por mortes por suicídio. A situação pode variar muito de país para país. Embora as taxas tenham caído na Alemanha nas últimas décadas, os suicídios são responsáveis por mais mortes do que a soma dos acidentes rodoviários e o uso de drogas ilegais.

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O dia 10 de setembro marca o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (WSPD, na sigla em inglês), um evento global anual organizado pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP, na sigla em inglês) e copatrocinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Trata-se de um dia para se recordar daqueles que morreram, mas também serve como convocação global para estarmos atentos e cooperativos com as pessoas que nos rodeiam. E neste ano, em particular, os possíveis efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre as taxas de suicídio são um tema de debate entre os especialistas.

Medição do impacto da covid-19

As atividades comemorativas e educativas deste ano decorrem sob o lema "Trabalhando Juntos para a Prevenção ao Suicídio" – e a adaptação do programa às medidas sanitárias destinadas a frear a propagação do coronavírus tem sido um desafio. "No momento, não podemos nos tocar fisicamente, portanto é ainda mais importante interpretar o lema simbolicamente – que ainda estamos lá um pelo outro e que cuidamos de outros", disse Barbara Schneider, co-chefe do Programa Nacional de Prevenção ao Suicídio e chefe do departamento de Doenças de Dependência, da clínica LVR de Colônia.

Especialistas concordam que os efeitos da pandemia de covid-19 podem aumentar os fatores comprovados de risco de automutilação, entre eles isolamento, ansiedade, perda econômica e aumento do consumo de álcool e drogas.

Ao mesmo tempo, os pesquisadores alertaram para que não fossem tiradas conclusões sobre o real impacto da pandemia nas taxas de suicídio, alegando que os dados ainda não existem. "Ainda não sabemos muito sobre o impacto da pandemia nos suicídios. Mas evidentemente, há um forte impacto na prevenção ao suicídio, especialmente quando se trata de prestação de serviços", disse Thomas Niederkrotenthaler, pesquisador de suicídio e tesoureiro da IASP, em entrevista à DW.

Niederkrotenthaler e dezenas de outros pesquisadores estão ajudando a coordenar e compilar estudos em todo o mundo sobre a prevenção ao suicídio durante a pandemia do novo coronavírus. A expectativa é poder propor políticas que ajudam as pessoas a enfrentar a crise atual e pandemias futuras. "Acho que é importante observar que não temos necessariamente que reinventar a roda por causa da pandemia, mas realmente precisamos ver como podemos traduzir o que sabemos de antes da pandemia para a situação em que estamos", disse Niederkrotenthaler.

Busca por ajuda online

Embora as restrições sociais existentes devido ao coronavírus tenham fechado portas, a pandemia também abriu janelas digitais. As linhas diretas de atendimento para crises e os grupos locais expandiram seu alcance para oferecer sérvios online, sessões em grupo foram organizadas por meio de videoconferências e os terapeutas seguiram podendo se reunir com seus pacientes – embora via telas de computadores.

"Esta é uma crise única, também uma pandemia bastante singular, porque, pela primeira vez, temos realmente a oportunidade de usar sérvios online", afirmou Niederkrotenthaler, que também chefia a unidade de pesquisa sobre suicídio da Universidade de Medicina de Viena.

Polêmica com vídeo no TikTok

A internet pode ser uma fonte de alívio e conforto para aqueles que lidam com pensamentos suicidas, mas os especialistas também alertaram sobre os danos que alguns conteúdos nas mídias sociais podem causar. O aplicativo de compartilhamento de vídeos TikTok recebeu duras críticas nos últimos dias depois que um vídeo de um aparente suicídio começou a circular e, em seguida, espalhou-se para outras plataformas de mídias sociais.

O TikTok, que é usado principalmente por usuários mais jovens, comunicou estar trabalhando na remoção do vídeo, que foi inicialmente publicado no Facebook. Pais e escolas foram alertados sobre o conteúdo – houve relatos de jovens internautas que se sentiram traumatizados após terem assistido ao clipe. Vídeos semelhantes apareceram em outros sites, incluindo Facebook, Instagram e Twitter, o que tem gerado um clamor crescente para que os gigantes das mídias sociais tomem medidas e precauções em relação a conteúdos considerados perturbadores.

"A ajuda é possível"

Não existe uma causa única para o suicídio. Para as pessoas que lutam contra a depressão e pensamentos suicidas, a mensagem dos especialistas é bastante clara: você não está sozinho. "É importante oferecer contato e um relacionamento com a pessoa afetada e manter esse contato", afirmou Schneider. "Além disso, caso perceber que não é o suficiente, ou caso considere que seja insuficiente, peça ajuda." Mesmo em tempos de distanciamento físico, segue importante acompanhar as pessoas que podem estar lidando com pensamentos suicidas e perguntar diretamente a respeito. "Em geral, as pessoas devem ter a certeza de que a ajuda é possível", acrescentou Schneider. --

Se você enfrenta problemas emocionais e tem pensamentos suicidas, não deixe de procurar ajuda profissional. Você pode buscar ajuda neste site: https://www.befrienders.org/portugese

Autor: Rebecca Staudenmaier

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