Menor que Guaramiranga: conheça os menores países do mundo

Existem países de proporções continentais, outros são menores que Guaramiranga, o menor município do Ceará. Conheça os menores Estados soberanos do mundo

08:00 | Ago. 23, 2020

Por: Leonardo Igor
Andorra, além de conhecida pelos baixos impostos, também é famosa pelas estações de esqui (foto: Reprodução)

Quando se fala em extensão territorial, não há muita equidade na atual mapa geopolítico do planeta. Há países de proporções continentais, como Rússia, Canadá, Estados Unidos, China e Brasil, enquanto há outros em que as populações convivem em espaços diminutos, alguns em verdadeiros enclaves - termo que define um território cujas fronteiras ficam inteiramente dentro do outro território, como o reino de Lesoto, que fica dentro da África da Sul.

Há até mesmo cidades-Estado, isto é, cidades autônomas, com governo próprio, reconhecidas por outras nações como país. O modelo ficou famoso na Grécia antiga, com Atenas e Tebas, mas, segundo a Encyclopaedia Britannica, também foi comum na América antes da colonização e mesmo na Mesopotâmia (atual Iraque), entre 5000 e 2500 a.C. Na Europa medieval, muitas delas se destacaram como potências marítimas ou comerciais, como Veneza, mas acabaram incorporadas por outros países.

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Ainda assim, o modelo persiste hoje com alguns exemplares. A bem da verdade, algumas delas têm território considerável, como Singapura, no Ásia, cuja extensão é mais que o dobro de Fortaleza, porém menor que Caucaia. Outras destas cidades ocupam pouco mais que alguns quarteirões e, por sua condição territorial, estão presentes na lista a seguir dos menores países do mundo. As informações são da Encyclopaedia Britannica, da Deutsche Welle e dos respectivos países. Confira:

6º lugar: Principado de Liechtenstein

O pequeno principado de Liechtenstein é um microestado germânico encravado entre a Áustria e a Suíça. Tem uma extensão territorial de 160 quilômetros quadrados, um pouco maior que o município de Acarape, no Maciço de Baturité. Liechtenstein é governado por um príncipe, que exerce o Poder Executivo, e é famoso por seus castelos medievais, pela paisagem alpina e seus serviços bancários. Riquíssimo, o país faz parte do seleto grupo em que a renda per capita, segundo o Banco Mundial, supera 100 mil dólares por ano.

5º lugar: República de San Marino

A República de San Marino, como é chamada oficialmente, é um microestado montanhoso encravado no território italiano. É considerado o Estado nacional contínuo mais antigo do mundo: sua fundação data de 301 d.C. e o país continua a existir em sua extensão de 61 km², menor, por exemplo, que a cidade de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, e pouco maior que Guaramiranga, o menor município do Ceará. Também tem outra peculiaridade: é uma diarquia, ou seja, um sistema em que o poder, nominalmente, é dividido por duas pessoas. São dois capitães-regentes como chefes de Estado, mas, na verdade, o sistema parlamentarista dá a capacidade de governar ao Parlamento.

4º lugar: Tuvalu

Tuvalu é um microestado da Polinésia, um conjunto de ilhas no Oceano Pacífico. O país é um arquipélago de oito ilhas pequenas que, juntas, mal alcançam 26 km² de extensão - menos da metade de Guaramiranga, a menor cidade do Ceará. A população é pequena, pouco mais de 11 mil habitantes. O país é constitucionalmente uma monarquia que tem a rainha Elizabeth II como chefe de Estado e elege um primeiro-ministro, o mais votado entre os 15 membros do órgão local que faz as vezes de Parlamento. O curioso é que não há partidos políticos - as famílias indicam seus candidatos no boca a boca. A micronação é uma das que correm risco de desaparecer com o aumento do nível dos oceanos pelo aquecimento global, já que seu território está apenas 5 metros acima do nível do mar.

3º lugar: Nauru

Assim como o 4º lugar, a República de Nauru também é um microestado insular, isto é, uma ilha. Sua extensão territorial é de 21 km² - é possível circular por todo o país de carro em 30 minutos, de bicicleta de duas a três horas e a pé, em seis horas. A principal atividade econômica era a extração de um minério utilizado para produção de agrotóxicos, porém, com o esgotamento das reservas, a pequena república depende essencialmente de repasses realizados pela Austrália. Em troca, o governo australiano envia para a ilha imigrantes ilegais capturados no mar e que ficam a espera da análise do seu pedido legal de refúgio - prática que tem sido denunciada constantemente por entidades internacionais.

2º lugar: Principado de Mônaco

É o segundo principado desta lista e mais uma cidade-Estado. Tem 2 km² de extensão, cravados na costa mediterrânea da França. O país está sob comando da casa principesca, a família Grimaldi, desde o século XIII, e chamou atenção do mundo no século XX quando uma famosa atriz de Hollywood casou com o príncipe herdeiro e, como em um filme, virou princesa: a princesa Grace Kelly. O principado é conhecido pelo luxo, alguns dos apartamentos mais caros do mundo, pelo cassino de Montecarlo e pelo GP de Fórmula 1 sediado ali. Tudo isso espremido em uma área que caberia no Grande Bom Jardim, por exemplo.

1º lugar: Vaticano

A Cidade do Vaticano possui uma série de singularidades, além de ocupar o primeiro lugar desta lista, sendo a menor entidade territorial do mundo reconhecida como um Estado: possui 0,44 km², resumidos na Basílica e na Praça de São Pedro, o Museu do Vaticano, alguns jardins e palácios. O poder é exercido pelo papa, que além de chefe da Igreja Católica é, portanto, um chefe de Estado. O Vaticano ainda possui a particularidade de ser uma cidade-Estado localizada dentro de outra cidade, Roma. Mas não foi sempre assim: até o século XIX, controlava vários territórios italianos, formando os chamados Estados Papais, cuja capital era Roma. Com a unificação da península no Reino da Itália, o papa perdeu sua autoridade administrativa sobre estas áreas, até obter autonomia sobre o Vaticano em 1929 com o Tratado de Latrão.

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Curiosidades

Dois príncipes, nenhum exército e muita saúde

 

Entre a França e a Espanha, um pequeno país se destaca na qualidade de vida e no tamanho exíguo: é o Principado de Andorra, com 460 km², uma extensão mais ou menos semelhante ao município de Jardim, no Cariri cearense. Mas além de sua área, enorme se comparada com os da lista acima, o que chama atenção é sua organização política - Andorra é um principado, ou seja, comandada por um príncipe. Mas o país também é uma diarquia, isto é, o poder é dividido por dois. Portanto, o país tem dois co-príncipes. É o único do mundo assim. Contudo, não obstante o formato, os dois co-príncipes ainda são estrangeiros: um é o presidente da República Francesa, atualmente Emmanuel Macron, e o outro é o arcebispo católico de Urgel, na Espanha, atualmente Juan Enric Vives i Sicília. Mas, para cuidar do administração do Estado propriamente, o país elege um chefe de governo através de um sistema parlamentarista. Andorra não tem exército e sua população tem a segunda maior expectativa de vida do mundo.

 

Território sem mulher



 

A Igreja Católica Romana não é a única a possuir um território próprio sob sua administração. Na Grécia, a Igreja Ortodoxa do país tem autonomia sobre uma área de 335 km² conhecida como Monte Athos. A península montanhosa, conhecida como Montanha Sagrada, abriga vários mosteiros greco-ortodoxos e é governada pelo Conselho Teocrático da Igreja Ortodoxa. É reconhecida pela Grécia como uma entidade política autônoma, embora dependente do Estado grego. Por isso, pode definir suas leis, entre elas a que proíbe, desde o século 10, mulheres e animais do sexo feminino de pisar naquele solo.