A menor ponte internacional do mundo e a ponte entre dois continentes
No mundo, há países separados apenas por um rio. Nestes casos, costumam construir as pontes internacionais - algumas tão pequenas que dá para ir de um país a outro com alguns passosFronteiras delimitam as bordas de um Estado soberano e, muitas vezes, definem a qualidade de vida dos habitantes. Muitas vezes, apenas alguns metros podem transformar as oportunidades, a economia, os direitos de pessoas que vivem em países diferentes, mas cujos territórios se tocam, como a cidade de Tijuana, no México, um dos vários povoamentos grudados ao longo dos mais de 3 mil quilômetros de fronteira com os Estados Unidos. O Brasil, por exemplo, é vizinho de dez dos 12 países da América do Sul, com mais 16 mil quilômetros de fronteira.
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Mas, no mundo, há países que se encostam por pouco, ou mesmo regiões em que apenas um fio d’água divide os Estados. Esses casos geram arranjos político-administrativos curiosos, como as pontes internacionais. O próprio Brasil é ligado a alguns de seus vizinhos por pontes - Argentina, Uruguai, Paraguai, Guiana, Peru, Bolívia. A maioria está concentrada no Rio Grande do Sul, com seis pontes internacionais. Temos até uma conexão com a França - a ponte binacional que liga o Amapá à Guiana Francesa, território ligado ao país europeu. O lugar é bastante frequentado pelos brasileiros da fronteira, já que ali a moeda corrente é o euro.
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Entre estas construções responsáveis por unir dois povos e dois territórios, há uma que, na última década, tem chamado a atenção da internet pelo suposto recorde de ser menor ponte internacional do mundo: seria uma pequena construção entre duas ilhotas das Zavikon Islands, no rio Saint Lawarence, entre Canadá e Estados Unidos. Segundo a história, ao atravessar a ponte, o morador estaria em outro país.
No entanto, a história não é verdadeira. As Zavikon Islands, com sua ponte diminuta, estão localizadas inteiramente no território canadense. É verdade que logo ali perto está a fronteira com os Estados Unidos, um limite traçado nas águas do rio, mas o morador da ilha não precisa se preocupar em pagar impostos a dois países. O falso recorde, contudo, chama atenção e virou uma espécie de emblema da região, sendo citada nos passeios turísticos a barco pelo local.
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Afinal, se o distintivo de menor ponte internacional não pertence aos norte-americanos, onde está a recordista? A bem da verdade, é difícil precisar. Entre os 193 países reconhecidos oficialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU), há diversas disputas fronteiriças, desacordos, singularidades. Algumas são heranças do passado colonial, outras são resultado de composições étnico-religiosas, e por aí vai. No entanto, intrépidos viajantes e mesmo moradores de pequenas comunidades fronteiriças têm se dedicado a encontrar a menor ponte internacional do mundo. Eis algumas:
El Marco-Várzea Grande (Espanha-Portugal)
A pequena construção foi obra da comunidade das vilas fronteiriças de El Marco, na Espanha, e Várzea Grande, em Portugal, para atravessar o córrego do rio Abrilongo. A construção tem apenas seis metros de comprimento e é essencialmente pedonal, isto é, feita para cruzar a pé. Essa é a distância responsável por separar os dois países que, no entanto, vivem uma união monetária e mantém as fronteiras abertas graças aos arranjos da União Europeia, da qual são integrantes. Ainda que a ponte das Zavikon Islands, no rio Saint Lawrence, fosse de fato na fronteira entre Estados Unidos e Canadá, ainda perderia para a obra dos países ibéricos: a ponte entre El Marco e Várzea Grande tem 4 metros a menos que a canadense.
Navarra-Nova Aquitânia (Espanha-França)
Esta fronteira talvez seja a única que pode destronar a pequena ponte entre Portugal e Espanha, ainda que conserve o título com os espanhóis. Aliás, esta fronteira pode mesmo ser a que possui mais pontes internacionais em tão pouco espaço - há quatro pontes pequeninas, a maior entre 10 e 12 metros de comprimento, a menor com até 6 metros, que ligam as localidades de Dantxarinea, na comunidade autônoma de Navarra, na Espanha, à vila de Dancharia, no região de Nova Aquitânia, na França. Apenas um pequeno afluente, o rio Lapitxuri, de menos de 10 quilômetros de extensão, divide a fronteira entre os dois países. As duas vilas são culturalmente ligadas ao País Basco, comunidade autônoma da Espanha que fala o euskaria, idioma ancestral do povo basco.
Beit She’an-Irbid (Israel-Jordânia)
As fronteiras de Israel com seus vizinhos são, possivelmente, as mais voláteis do mundo. Ainda assim, é possível pegar um carro, atravessar uma ponte de 40 metros e chegar às maravilhas da Jordânia, país vizinho. É a ponte internacional Sheik Hussein, que liga a cidade jordaniana de Irbid com a israelense Beit She’an. Com 40 metros, ela é bem maior que as europeias citadas anteriormente, mas merece destaque por ainda ser pequena se comparada com outras pontes que ligam países pelo mundo e, principalmente, por não estar em locais com acordos de livre circulação. Aqui, em cada lado da porta há um posto fronteiriço.
Uma ponte, três países
Para atravessar a Ponte dos Três Países, é preciso estar a pé ou de bicicleta. Mas o caminho é rápido: são apenas 248 metros. Embora seja um comprimento bem maior que as outras da lista, esta tem a singular propriedade de oferecer ao viajante não só dois destinos, mas três: França, Suíça ou Alemanha. Apesar do nome, a ponte não toca diretamente o território suíço, fica a menos de 200 metros de lá, atravessando o território alemão. Portanto, é possível atravessá-la saindo da França, a caminho da Alemanha, mas vendo a Suíça.
Uma ponte para dois continentes
Há muito tempo Istambul, na Turquia, é conhecida do mundo inteiro - seja como capital do Império Romano do Oriente, seja como o coração do antigo Império Otomano, seja como a única cidade do mundo que ocupa dois continentes. Istambul ocupa as duas margens do estreito do Bósforo, que separa a Ásia da Europa. É possível ir de um continente a outro atravessando os 1.500 metros de comprimento da ponte do Bósforo - tudo sem sair de Istambul.
Uma ponte para unir o continente
O canal do Panamá, uma das obras mais impressionantes da humanidade, liga o Oceano Atlântico ao Pacífico ao atravessar o território panamenho, na América Central. Para construí-lo, foi necessário retirar parte do istmo do Panamá, uma pequena faixa de terra que ligava o norte do continente americano com o sul. Por 42 anos, divididas no meio pelo Panamá, a porção sul da América não tinha ligação terrestre com a porção norte. Assim foi até a construção da Ponte das Américas, em 1962, que passa por cima do Canal do Panamá e liga as duas bandas da América. Em 2004, outra ponte foi construída na passagem, a Ponte do Centenário, e desde então o Novo Continente conta com duas conexões terrestres.