Não parece real, mas é: seis animais estranhos que você não vai acreditar que existem

Pela aparência, pelas habilidades ou pela raridade, muitas pessoas não sabem que estes animais existem. Outras nem acreditam. Mas, na lista, tem até um "unicórnio" do mar

Se em Hamlet, peça do britânico William Shakespeare, o personagem homônimo diz que “há mais coisas no céu e terra, Horácio, do que foram sonhadas na sua filosofia”, podemos tomar a liberdade de adaptar para dizer: há mais animais no céu, na terra e no mar que podemos sonhar. E muitos deles parecem saídos de sonhos, de contos, direto da imaginação, tão distintos e insólitos são.

Boa parte da lista abaixo é composta por animais endêmicos, ou seja, que só podem ser encontrados em uma região específica. Algumas características que os tornam singulares têm utilidade prática no seu cotidiano, seja para alimentação, para defesa ou reprodução. Outras, contudo, ainda não têm função bem entendida pela ciência. Mas esses caracteres que diferenciam-nos dos demais não são um erro de percurso - fazem parte do processo evolutivo de adaptação.

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“Quando dizemos que animais estão evolutivamente adaptados a certas condições nos referimos a atributos que eles possuem que foram selecionados ao longo de um tempo razoavelmente longo e que aumentam as chances de sobrevivência e reprodução daquele organismo”, explica o professor do Laboratório de Evolução e Ecologia Comportamental da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lorenzo Zanette.

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Na lista a seguir, separamos alguns animais que, pela aparência, pelas habilidades ou pela raridade, muitas pessoas não sabem que existem. As informações são do National Geographic, do site Animalia e da Britannica.


Seis animais que você não acreditar que existem

 

- Narval

Este animal é chamado, por vezes, de unicórnio do mar. Mas, cientificamente, é Monodon Monoceros. Popularmente, pode chamar de narval
Este animal é chamado, por vezes, de unicórnio do mar. Mas, cientificamente, é Monodon Monoceros. Popularmente, pode chamar de narval (Foto: Wikimedia Commons)


Se não existem cavalos de chifre, os unicórnios, para satisfazer os aficcionados por histórias de magia, talvez estes possam se contentar em saber que existe uma baleia de chifre. Sim, é o narval (Monodon Monoceros), uma baleia dentada conhecida, carinhosamente, como o unicórnio do mar. Esse animal, como que saído das lendas, possui os maiores dentes caninos do reino animal. Nos machos, esse dente avantajado se transforma em uma presa espiralada, longa e reta, que chega a três metros de comprimento. É a esse dente que chamam chifre.

Essa presa de marfim cresce através do lábio superior do narval. Ainda não há um consenso na comunidade científico sobre qual seu propósito. Há teorias de que serve para impressionar as fêmeas nos rituais de acasalamento e combater os rivais. Esse animal vive nas águas do Ártico e se alimenta de peixes, camarões, lula, frutos do mar em geral. Ele vive o ano todo próximo a blocos de gelo - quando não estão satisfeitos com o território glacial que ocupam, migram em busca de um melhor.

 

- Diabo-espinhoso

A lagarta Moloch horridus é injustamente conhecida como diabo-espinhoso. Mas, no seu país, tem outros apelidos, também pouco amigáveis: demônio da montanha, lagarto espinhento...
A lagarta Moloch horridus é injustamente conhecida como diabo-espinhoso. Mas, no seu país, tem outros apelidos, também pouco amigáveis: demônio da montanha, lagarto espinhento... (Foto: Wouter/Flickr)


O ditado “Não julgue um livro pela capa” talvez se aplique particularmente bem a este animal, o diabo-espinhoso (Moloch horridus). No caso, além de não julgar pela aparência, é preciso também evitar julgamentos pelo título maldoso. Isso porque esse lagarto endêmico da Austrália tem uma natureza muito pacífica. Os espinhos do seu corpo impressionam e assustam os predadores. Seu tom terroso também ajuda a camuflar-se na aridez da vastidão australiana. Ou seja, para ele, a defesa é o melhor ataque. Mas, se ainda assim, tentarem se alimentar desse lagarto, ele promete dar trabalho.

Seus espinhos são duros e pontudos, o que dificulta a deglutição. Próximo à sua cabeça, uma formação espinhosa lembra um pouco o crânio. Assim, quando um inimigo se aproxima, este animal enfia a verdadeira cabeça entre as pernas, deixa a isca ali, cercada de espinhos, e, com a paciência interminável dos répteis, espera o outro desistir de comê-lo. Não obstante todas essas proezas, os espinhos ainda têm uma função especial: entre estas formações se formam ranhuras, sulcos que servem como pequenos canais que levam a água que porventura caia nas suas costas direto para a boca do animal.


- Budião Azul

Scarus coeruleus, nome científico do budião-azul, um peixe-papagaio que parece estar sorrindo
Scarus coeruleus, nome científico do budião-azul, um peixe-papagaio que parece estar sorrindo (Foto: Kevin Bryat/Flickr)


Sorria, você está sendo filmado. E o budião-azul (Scarus coeruleus) sorri mesmo. Aliás, parece estar sorrindo. Mas a boca desse animal, que pertence ao grupo de peixes-papagaio, é naturalmente assim. Os adultos dessa espécie desenvolvem um focinho protuberante, utilizado para raspar algas dos corais e outros substratos grudados à formação. Eles também possuem uma espécie de segunda mandíbula na faringe, utilizada para triturar pequenas pedras que tenham engolido no processo de alimentação. Mas esse detrito eles não comem, eles cospem - e as pedras mastigada voltam para o mar como areia.

Como o nome sugere, o budião tem uma coloração azul e é um animal que vive nas águas ao redor de corais, inclusive podem ser encontrados no litoral do Brasil. O grupo de papagaios-peixe, que é famoso por suas cores exuberantes, também pode mudar de sexo várias vezes ao longo da sua vida de sete anos. Alguns espécimes desse grupo, inclusive, têm uma técnica especial para dormir bem pela noite: eles recobrem o corpo com uma secreção produzida pelo organismo, o que dificulta que os predadores noturnos consigam rastreá-los.

 

- Mariposa-poodle

Ela é conhecida por mariposa-poodle e é um mistério. Não tem nome científico pois nunca foi completamente identificada
Ela é conhecida por mariposa-poodle e é um mistério. Não tem nome científico pois nunca foi completamente identificada (Foto: Arthur Anker/Flickr)


Este animal é possivelmente o mais misterioso desta lista. Pouco se sabe sobre ele e alguns chegam a duvidar de que exista realmente. Diferente dos demais aqui apresentados, ainda não possui um nome científico. O inseto foi fotografado em 2009 pelo zoologista Arthur Anker na região conhecida como Grande Savana, na Venezuela. O apelido foi dado ao comparar a profusão de pelos da mariposa a um cachorro poodle.

Pela pelagem e a aparência em geral, a mariposa-poodle, por vezes, é identificada na internet como o bicho-da-seda (Bombyx mori) ou como uma traça (Diaphora mendica). E, de fato, a semelhança com o Bombyx mori não passa despercebida. Após o anúncio da descoberta por Arthur Anker, que fez 75 fotos da mariposa, outras expedições tentaram encontrar o inseto no território venezuelano, mas foram incapazes de localizá-lo.


- Tenreque-raiado-das-planícies

Hemicentetes semispinosus, nome científico do terenque-raiado-das-planícies, espécie endêmica da ilha de Madagascar
Hemicentetes semispinosus, nome científico do terenque-raiado-das-planícies, espécie endêmica da ilha de Madagascar (Foto: Frank Vassen/Flickr)


Esse grupo de animais lembra os ouriços e os gambás, mas são diferentes. Se chamam tenreques e vivem sobretudo na ilha de Madagascar, na costa da África. Porém, entre eles há ainda um mais singular. Conhecido como tenreque-raiado-das-planícies (Hemicentetes semispinosus), este pequenino é um mamífero com pelos tão rígidos que parecem espinhos e uma coloração raiada amarela.

Já nas costas, ele tem espinhos de verdade. Além de protegê-los, esses espinhos fazem com que o tenreque-raiado-das-planíceis seja o único mamífero capaz de estridular, isto é, produzir sons estridentes e característicos esfregando partes do corpo. Essa habilidade é comum nos insetos, como o som produzido pelas cigarras. Ele tem o nariz alongado como outros animais que se alimentam de insetos, a exemplo do tamanduá. É o único dos tenreques com comportamento sociável, podendo viver em grupos - quando estão ameaçados, estridulam os espinhos e avisam aos outros.

 

- Soberba ave-do-paraíso

A Greater lophorina tem um nome pomposo: soberba ave-do-paraíso. E isso vem de família, pois que as 43 aves parentes são todas conhecidas como aves-do-paraíso
A Greater lophorina tem um nome pomposo: soberba ave-do-paraíso. E isso vem de família, pois que as 43 aves parentes são todas conhecidas como aves-do-paraíso (Foto: Tim Lamam/Macaulay Library/Cornell University)


Este pássaro parece saído direto de um conto de fadas. Pertence a uma das 43 aves da família Paradisaeidae, conhecidas como aves-do-paraíso. Elas vivem nas ilhas de Papua Nova Guiné, na Oceania, e são conhecidas por suas penas e caudas alongadas, cores únicas e belas coroas. Mas mesmo entre esses animais algo míticos, um se sobressai: é a soberba ave-do-paraíso (Greater lophorina). Até 2017, acreditava-se que fosse a única do seu gênero dentro da família.

A ave soberba tem uma espécie de capa de penas, que ergue para impressionar as fêmeas durante o cortejo para o acasalamento. Com a pelagem predominantemente preta, apenas seus olhos e peitoril azuis se destacam. O efeito é impressionante e necessário. Isto porque, proporcionalmente, a quantidade de fêmeas da espécie é bem pequena. Então, os machos travam uma intensa disputa. Antes de erguer a capa, eles atraem as fêmeas com um canto. Quando elas pousam, eles realizam uma espécie de dança com as patas. O grand finale é capa.

A Greater lophorina tem um nome pomposo: soberba ave-do-paraíso. Quando ela abre sua capa de penas, é possível entender por quê
A Greater lophorina tem um nome pomposo: soberba ave-do-paraíso. Quando ela abre sua capa de penas, é possível entender por quê (Foto: Tim Lamam/Macaulay Library/Cornell University)

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