Nuvem de poeira do Saara encobre o Caribe e está a caminho dos Estados Unidos

Nesta quarta-feira, 24, a nuvem de poeira já avançava sobre Cuba. Apesar de não ser novidade, esta nuvem de poeira está sendo considerada especial por sua densidade e dimensões

12:12 | Jun. 24, 2020

Por: Redação O POVO
Registros comparam mesma localidade em São Bartolomeu, uma ilha do Caribe, mas em datas diferentes (foto: Mirco Ferro/Reprodução Twitter)

 

Uma densa nuvem de poeira se espalhou nos últimos dias sobre o Caribe, cobrindo toda região das ilhas virgens, Porto Rico, a República Dominicana, o Haiti e Jamaica, e muitas outras áreas do Caribe. Nesta quarta-feira, 24, a nuvem de poeira já avançava sobre Cuba. As informações são do portais Terra e UOL.

Esta nuvem de poeira é densa o suficiente para obscurecer o sol e causar grande restrição da visibilidade na superfície. Às 17 horas (hora de Brasília) de terça-feira, 23, a informação meteorológica do aeroporto de Kingston, na Jamaica, informava a presença da poeira. A extensa nuvem de poeira podia ser vista facilmente através da imagens de satélite.

No Caribe, os efeitos já são sentidos. A recomendação de vários países é para que os cidadãos usem máscaras e evitem atividades ao ar livre, dada a alta concentração de partículas no ar. Navios também foram advertidos sobre a baixa visibilidade para navegação.

Today's view of a large Saharan dust plume.

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— CIRA (@CIRA_CSU) June 19, 2020


De acordo com Olga Mayol, especialista do Instituto de Estudos de Ecossistemas Tropicais da Universidade de Porto Rico, a atual nuvem tem a concentração mais alta de partículas de poeira observadas na região em comparação dos últimos 50 anos.

O fenômeno começou a ser observado em uma área do oeste da África há uma semana e agora já percorreu mais de 5 mil quilômetros pelo mar até o Caribe, passando por terra em partes dos continentes americanos, como a Venezuela.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) prevê que a coluna de poeira do Saara continuará se movendo rumo ao oeste pelo Mar do Caribe, alcançando áreas do norte da América do Sul, América Central e da Costa do Golfo dos Estados Unidos nos próximos dias.

Origem do fenômeno

A nuvem de poeira que encobriu o Caribe é proveniente do deserto do Saara, no norte da África, e vem atravessando o oceano Atlântico Norte Tropical desde o fim da semana passada.

Segundo a Nasa, todos os anos, os ventos removem cerca de 800 milhões de toneladas métricas de poeira do deserto do Saara, que fica no norte da África. Esta é considerada a maior fonte de partículas de poeira do ar do planeta.

A massa de ar seco e empoeirado que sai do Saara por causa de fortes ventos que sopram de norte da África para o oceano Atlântico Norte Tropical é chamada de camada de ar do Saara.

Portanto, esta camada de poeira saariana sobre o Atlântico Norte Tropical não é um fenômeno novo e ocorre todos os anos, em geral durante o verão, a primavera e parte do outono do Hemisfério Norte. Apesar de não ser novidade, esta nuvem de poeira está sendo considerada especial por sua densidade e dimensões.

De acordo com especialistas da Nasa, o volume de poeira que sai do Saara durante verão do Hemisfério Norte (inverno no Hemisfério Sul) é maior e também tende a alcançar altitudes atmosféricas mais elevadas do que em outras estações.

Papel ecológico da poeira

A nuvem de poeira que sai do deserto do Saara pode viajar por milhares de quilômetros e afetar a qualidade do ar em locais tão distantes quanto as Américas do Norte e do Sul, se misturada ao ar próximo ao solo.

Mas a poeira tem um papel ecológico importante, como fertilizar solos na Amazônia e construir praias no Caribe. As condições secas, quentes e ventosas associadas aos surtos da camada de ar do Saara também podem suprimir a formação e intensificação dos ciclones tropicais (furacões) no Atlântico Norte Tropical.

A região de Cabo Verde é conhecida por ser um "berço" de furacões. Porém, a presença do manto de poeira altera as condições atmosféricas locais e inibe a formações das tempestades.