Manifestantes criam "zona autônoma" em Seattle, nos Estados Unidos

A zona, que compreende alguns quarteirões, foi estabelecida após concessão da polícia. Os manifestantes defendem que o local promova discussões sobre a justiça racial

12:56 | Jun. 11, 2020

Por: Leonardo Maia
A área, sem presença policial, é delimitada por barricadas. (foto: Reprodução/Twitter)

Manifestantes criaram uma “zona autônoma” na cidade de Seattle, nos Estados Unidos. Após enfrentar cada vez mais resistência quando ia dispersar protestos, a polícia de Seattle resolveu fazer uma concessão: fechou uma delegacia no bairro de Capitol Hill e deixou que os manifestantes tivessem controle de uma área nas proximidades. As informações são do New York Times.

When police retreated from Seattle’s Capitol Hill, some people expected chaos.

Instead the new autonomous zone has speeches, free food, and people helping one another.

Here’s a look inside the Capital Hill Autonomous Zone #CHAZ

pic.twitter.com/ksByr5bTDg

— Joshua Potash (@JoshuaPotash) June 10, 2020

A comunidade, que vive no local sem a presença de polícia, usou barricadas para delimitar a área, autoproclamada como “Zona Autônoma de Capitol Hill”. A ideia, segundo os manifestantes, é que a área seja um espaço para a justiça racial, que motivou o início dos protestos no país norte-americano com a morte de George Floyd.

Com acordo tácito com as autoridades públicas, a área tem dado espaço para que as pessoas possam se expressar artisticamente. Na última quarta-feira, por exemplo, crianças fizeram desenhos com giz de cera no meio da rua. No noite do dia anterior, os manifestantes se reuniram para assistir o documentário “A 13ª Emenda”, que trata sobre o impacto da Justiça sobre os afro-americanos do País.

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Na área designada, os manifestantes determinaram um quarteirão para fumantes e outro para receber uma estação médica. Em outro espaço, as pessoas podem pegar alimentos gratuitamente, embora no mesmo local exista um estande para vender cachorro quentes, por U$ 6 cada.

Em um aceno de paz, o chefe do Corpo de Bombeiros da cidade, Harold Scoggins, esteve no local na quarta-feira para conversar com os manifestantes e garantir que eles tivessem banheiros químicos no local e acesso aos serviços sanitários da cidade. Scoggins ainda iniciou um diálogo para que o contato dos manifestantes com a polícia seja retomado.

Radical Left Governor @JayInslee and the Mayor of Seattle are being taunted and played at a level that our great Country has never seen before. Take back your city NOW. If you don’t do it, I will. This is not a game. These ugly Anarchists must be stooped IMMEDIATELY. MOVE FAST!

— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 11, 2020

O presidente Donald Trump reagiu violentamente, através de suas redes sociais, contra os manifestantes. Ele disse que o governador e a prefeita da localidade deveriam retomar a área. “Se vocês não fizerem isso, eu vou fazer. Isso não é um jogo. Esses anarquistas devem ser parados imediatamente”, disse. A prefeita da cidade, Jenny Durkan, respondeu: “Deixe-nos seguros. Volte para o seu bunker”.

A perspectiva para duração da zona é distinta para os manifestantes. Alguns defendem que as barreiras sejam mantidas por algumas semanas, período em que o governo terá agido para cumprir suas demandas. Mas para outros, a ideia é que a área deve ser fixada permanentemente, por meio de um processo legal.