Policial de Nova York é formalmente acusado de agredir manifestante

Vincent D'Andraia é acusado de agressão, assédio e intimidação, entre outros crimes, segundo promotoria do Brooklin, por uso excessivo de força contra manifestantes antirracismo

21:25 | Jun. 09, 2020

Por: AFP
Quinze dias após a morte de George Floyd e milhares de pessoas ainda se reúnem para protestar contra o racismo e violência policial contra negros (foto: David Dee Delgado/Getty Images/AFP)

Policial de Nova York foi acusado judicialmente nesta terça-feira, 9, após ter derrubado com violência uma mulher durante as manifestações contra a violência policial e o racismo nos EUA.

Durante uma audiência virtual no tribunal estadual do Brooklyn, o policial, Vincent D'Andraia, de 28 anos, foi acusado de vários crimes, entre eles agressão, assédio e intimidação, segundo um porta-voz da promotoria do Brooklyn.

D'Andraia é o primeiro agente policial de Nova York a responder a acusações após os protestos da semana passada em que as forças policiais foram condenadas por exceder o uso da força contra os manifestantes, que em sua maioria se expressavam pacificamente.

"Como promotor, não posso tolerar o uso da força excessiva contra quem exerce um direito (o de se manifestar) protegido pela Constituição", disse Eric Gonzalez, em comunicado.

"É especialmente certo para aqueles que juraram proteger e defender o direito (...). O acusado deverá prestar contas".

Em um vídeo pode-se ver D'Andraia empurrar Dounya Zayer, de 20 anos, até fazê-la cair no chão, quando a chama, aos gritos, de "vadia", depois que ela perguntou porque ele tinha mandado que saísse dali. O agente, que foi suspenso na última semana sem pagamento após a divulgação da filmagem, foi liberado para uma próxima audiência prevista para 15 de outubro.

Caso seja condenado, a pena poderá ir desde "uma condicional até a prisão", segundo o porta-voz da promotoria, embora afirme que os delitos cometidos pelo agente não devem resultar em encarceramento.

Tensão racial após a morte de George Floyd

A acusação ocorre quando nos Estados Unidos se multiplicaram as reclamações por uma reforma policial, após a morte de George Floyd, um cidadão negro que morreu asfixiado por um policial branco durante sua detenção em Minneapolis, no final do mês passado.

Assim como outras polícias municipais, a de Nova York, a mais importante do país com cerca de 36.000 agentes, recebe muitas críticas após filmagens de intervenções brutais da polícia contra os manifestantes.

Após defender a atitude da polícia, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, prometeu que todas as ocorrências seriam alvo de investigação, e que teriam as punições necessárias.

Diante das inúmeras críticas que recebeu nos últimos dias, De Blasio anunciou nesta terça que cinco ruas da cidade, uma em cada distrito de Nova York, serão nomeadas de Black Lives Matter, o lema dos protestos nos EUA.