Austrália e Amazônia: entenda a diferença entre os incêndios florestais
O presidente Jair Bolsonaro teceu críticas às personalidades que não se posicionaram acerca das queimadas que ocorrem no país da Oceania. Entenda a diferença entre o que acontece na Austrália e no Brasil
13:31 | Jan. 06, 2020
Desde setembro de 2019, a Austrália sofre com incêndios florestais naturais que já vitimaram quase 500 mil animais, afetando especialmente bichos que vivem em árvores (como os coalas). Os incêndios ameaçam ainda a saúde dos australianos, por causa da grande quantidade de fumaça expelida pelas chamas.
Até o começo deste ano, mais de 460 mil hectares de floresta já haviam sido dizimados pelas queimadas e o estado mais atingido é o de Nova Gales do Sul, o mais populoso do país. É onde fica Sydney, a cidade com maior número de habitantes, onde vivem aproximadamente 5,5 milhões de pessoas. Estima-se que 70% dos focos de incêndios estão concentrados no território de Nova Gales do Sul e a perspectiva é de que a situação piore ainda mais.
Os incêndios - considerados naturais e registrados anualmente -, ocorrem devido à combinação de altas temperaturas na região - superiores aos 40º C -, pouca incidência de chuva, o que deixa a vegetação seca, e aos fortes ventos que espalham as chamas por vários hectares do território australiano.
E para o começo deste ano, a expectativa é de que as temperaturas na Austrália superem os 47º C, fator que pode agravar ainda mais o surgimento e a proliferação das queimadas pelo território do país. Primeira-Ministra de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, disse ser impossível controlar e erradicar as chamas até que a região volte a receber aporte de chuva.
Ocorreu o mesmo na Amazônia?
O presidente da República, Jair Bolsonaro, criticou a omissão de Emmanuel Macron, presidente da França, e da jovem ativista Greta Thunberg sobre os incêndios que arrasam o sudeste da Austrália. Tanto Macron quanto Greta - além de outras personalidades nacionais e mundiais -, criticaram o governo brasileiro durante as queimadas que ocorreram na Floresta Amazônica, em agosto do ano passado.
"Está pegando fogo na Austrália hoje, né? O Macron falou alguma coisa agora? Falou em colocar em dúvida a soberania da Austrália? Aquela menina, aquela pequenininha lá, falou alguma coisa também? Não", questionou o presidente brasileiro em live publicada em seu perfil no Facebook.
Entretanto, as causas dos dois maiores incêndios registrados em 2019 são diferentes. Segundo a ONG Repórter Brasil, que teve acesso às investigações das polícias Civil e Federal acerca das queimadas na Amazônia, as chamas foram causadas por ação humana, em movimento chamado de "Dia do Fogo". A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.
As apurações apontaram que fazendeiros fizeram uma "vaquinha" para bancar os custos do combustível usado para propagar o fogo, além de também terem financiado a contratação de motoqueiros para espalharem o material inflamável por áreas próximas à floresta.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o monitoramento da Floresta Amazônica, o desmatamento por corte raso - quando há eliminação de toda e qualquer vegetação existente sobre uma área -, foi de 9.762 mil km² na área da Amazônia Legal.
O número representou aumento de 30% no índice de desmatamento da Amazônia Legal, tendo como base o ano de 2018, quando a taxa foi de 7.536 mil km². Entretanto, se comparado com 2004 - que apresentou a maior quantidade de desmatamento por metro quadrado das duas últimas décadas -, houve diminuição de 65% do desmatamento na floresta.