UE inaugura mecanismo para contornar sanções dos EUA ao Irã
00:01 | Jul. 01, 2019
Instex permitirá a empresas europeias negociarem com iranianos, apesar de progressivos embargos comerciais americanos. Segundo especialistas, ameaças de sanções secundárias são abuso de dominância financeira pelos EUA.A União Europeia anunciou que seu mecanismo para facilitar o comércio com o Irã está funcionando desde esta sexta-feira (28/06). "A França, Alemanha e o Reino Unido informaram aos participantes que o Instex foi tornado operacional e disponível para todos os Estados-membros da UE e que as primeiras transações estão sendo processadas", divulgou o bloco em comunicado.
O Instex – Instrument in Support of Trade Exchanges (Instrumento em Apoio a Intercâmbios Comerciais) – é um sistema de pagamento que permitirá que companhias europeias façam negócios com o Irã, apesar das duras sanções dos Estados Unidos. Ele funcionará como um escudo diplomático, permitindo a troca de mercadorias sem necessidade de transferências de dinheiro diretas entre o Irã e as empresas.
Com a iniciativa, os países da UE procuram demonstrar a seriedade de suas intenções de aliviar a carga das sanções, a fim de convencer Teerã a permanecer no Plano Integral de Ação Conjunta (JCPoA, na sigla em inglês), de 2015, mais conhecido como o Acordo Nuclear com o Irã.
O futuro do pacto foi comprometido em maio de 2018, quando o presidente americano, Donald Trump, retirou unilateralmente seu país do JCPoA. Desde então, Washington têm acumulado os embargos contra Teerã e ameaçado as empresas que façam negócios com o país, através de sanções secundárias.
Enquanto os EUA afirmam que o acordo não reduziu, em absoluto, as capacidades nucleares iranianas, os europeus asseguram que ele está funcionando, o que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem repetidamente confirmado.
Diante das tensões crescentes com os EUA e o peso das sanções, o Irã vem ameaçando retirar-se parcialmente do JCPoA, caso os demais signatários, Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e a UE, não forneçam incentivos concretos para que o país asiático respeite as regras estabelecidas pelo plano.
Cornelius Adebahr, da Associação Alemã de Política Externa (DGAP), ressalvou que as companhias envolvidas no Instex representam "um grupo-alvo muito reduzido, não se trata de gigantescas somas bilionárias". Acima de tudo, o acordo nuclear com o Irã "não está morto".
Os americanos receberam a notícia com desdém. O representante especial dos EUA para o Irã Brian Hook, consultor do secretário de Estado Mike Pompeo, declarou: "Simplesmente não vemos demanda corporativa para tal, pois se uma corporação tiver a escolha entre fazer negócios com os Estados Unidos ou com o Irã, ela escolherá sempre os EUA. Portanto essa é a nossa atual avaliação do Instex."
Analistas do DGAP frisam que "os EUA estabeleceram regras unilaterais sobre sanções secundárias que são um abuso de sua dominância financeira global". A associação parte do princípio que o fato de as três maiores economias europeias estarem envolvidas no Instex poderá forçar Washington a repensar sua avaliação do esquema pró-Irã.
AV/ap,rtr
_______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| WhatsApp | App | Instagram | Newsletter