África é mercado atraente para tecnologia chinesa
12:12 | Fev. 09, 2019
Por: Agência Estado
Os países da África têm sido o principal mercado de teste para as tecnologias de controle social da China. O Zimbábue adotou em abril uma das mais recentes tecnologias chinesas.
A CloudWalk Technology, uma startup com sede em Guangzhou, assinou um acordo com o governo para fornecer um programa de reconhecimento facial em massa que consegue computar em poucos segundos dados completos da vida de uma pessoa reconhecida por alguma câmera de segurança.
Tanzânia, Etiópia e África do Sul também usam o software. O acordo permite acesso a sistemas financeiros inteligentes, segurança de aeroportos, ferrovias e rodoviárias, além de um banco de dados facial nacional.
Assim como dezenas de outros acordos de cooperação com países africanos, os pactos com Tanzânia e Zimbábue foram firmados no âmbito do programa One Belt, One Road ("Um cinturão, uma rota"), o plano de investimento em massa da China em obras de infraestrutura em 68 países.
Para especialistas, a China se beneficia da exportação de sua inteligência artificial não apenas em termos financeiros. Um estudo recente do Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) testou a precisão de três importantes fornecedores de software de reconhecimento facial: Microsoft, IBM e Megvii (uma empresa chinesa).
O estudo descobriu que, ao tentar identificar o sexo de uma pessoa a partir de uma imagem, a taxa de erro para homens de pele mais clara era inferior a 1%, enquanto para mulheres de pele mais escura era de até 35%. Isso ocorre porque a precisão da IA depende dos dados que são alimentados e, em todo o mundo, o reconhecimento facial tem sido treinado em rostos predominantemente brancos e masculinos, mesmo dentro da China.
"Esse tipo de software precisa de um banco de dados e, ao exportar para países cuja população tem biotipo diferente do chinês, ela alarga seu banco de dados e permite que o programa tenha mais capacidade de reconhecimento", afirma Tobias Burgers, professor da Universidade Livre de Berlim e pesquisador de sistemas cibernéticos na segurança e no conflito militar.