Entenda por que crianças estão sendo separadas de seus pais nos Estados Unidos
A política de zero tolerância de Trump com imigrantes ilegais separou quase dois mil menores de idade de suas famílias nas últimas seis semanas. O presidente culpa a legislação norte-americana
16:52 | Jun. 19, 2018
[FOTO1]Com propostas rígidas em relação à imigração para os Estados Unidos desde o período de eleições, o presidente norte-americano Donald Trump começou a aplicar uma política de “zero tolerância” desde o começo de maio deste ano. A consequência do posicionamento se revelou seis semanas depois: segundo o Departamento de Segurança Nacional dos EUA, 1.995 crianças e adolescentes foram separados de 1.940 adultos que os acompanhavam na travessia entre os dias 19 de abril e 31 de maio. A informação repercutiu mundialmente, jogando democratas e até republicanos contra Trump.
Devido ao posicionamento de Trump, adultos que tentam cruzar a fronteira são detidos e enfrentam um processo criminal por terem entrado ilegalmente no país. Centenas de crianças e adolescentes acabam, então, sendo levados para centros de detenção e mantidos separados dos pais. O presidente norte-americano se posicionou sobre a situação após a repercussão do caso. Ele diz que “detesta” que crianças sejam separadas de suas famílias e culpa as leis criadas pelos democratas, a oposição.
[FOTO2]"Separar famílias na fronteira é uma falha da péssima legislação aprovada pelos democratas. As leis de Segurança Fronteiriça devem ser modificadas, mas os democratas não conseguem chegar a um acordo! Começamos o Muro", escreveu Trump no Twitter. "Detesto que essas crianças sejam separadas (de suas famílias). Os democratas têm que mudar a lei. É a lei deles", afirmou à imprensa nos jardins da Casa Branca.
[SAIBAMAIS]A medida de separar as famílias foi elaborada e aprovada durante o governo de Barack Obama, apesar de ter sido aplicada apenas em casos excepcionais. Obama também foi duro com relação aos imigrantes ilegais, tendo sido o presidente que mais deportou em toda a história dos EUA. Foram 2,5 milhões entre 2009 e 2015, de acordo com o Departamento de Segurança Nacional. Para o presidente do instituto Casa Política, Márcio Coimbra, Trump se utiliza de brechas na legislação norte-americana para embasar a decisão.
[FOTO3]Ele explica que as leis dos EUA relativas à imigração são antiquadas e que precisam, há tempos, de uma revisão. “Você pode pinçar determinadas partes da lei para dar a entender isso (que famílias devem ser separadas devido à imigração ilegal)”, afirma. Ele pensa que a posição de Trump pode ser uma “estratégia política polêmica” para forçar a discussão da lei, ponto defendido por ele desde as eleições.
A primeira-dama Melania Trump se posicionou defendendo um acordo bipartidário para reformular as leis migratórias. Ela criticou a separação de famílias e disse que os EUA precisam ser um país que "governa com o coração". A medida polêmica foi considerada uma "violação grave dos direitos da criança" pela Organização das Nações Unidas (ONU). A organização pediu que a prática fosse interrompida imediatamente.
[FOTO4]O também especialista em direito internacional pela Universidade de Harvard acredita, no entanto, que Trump não deve ceder à pressão e que continuará com ações rígidas. “Ele não tem a tendência de afrouxar as rédeas”, considera. Para ele, deportações em massa podem ser consequências da política de zero tolerância do presidente. Segundo ele, o governo, que hoje tem uma atitude passiva em relação aos imigrantes ilegais %u4E00 só deporta quando encontra algum %u4E00 pode tomar no futuro uma posição ativa, indo atrás daqueles que adentraram as fronteiras norte-americanas sem visto.