O que deu certo e o que deu errado na Rio 2016?
Confira os pontos altos e baixos da Olimpíada, além de algumas polêmicas que surgiram antes e durante os Jogos. De modo geral, avaliação do público foi positiva
05:19 | Ago. 22, 2016
A cerimônia de encerramento realizada no Maracanã, marca o fim dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Veja o que deu certo e o que deu errado na Rio 2016 além de algumas polêmicas.
O que deu certo?
A abertura
Em meio a tantos problemas econômicos e preocupações com os preparativos, a abertura da Olimpíada surpreendeu positivamente e foi um grande alívio. A imprensa internacional elogiou o espetáculo e a empolgação do público. Grandes nomes da música brasileira, como Paulinho da Viola, Jorge Ben, Caetano Veloso e Gilberto Gil, além do belo desfile da modelo Gisele Bündchen, cativaram a audiência. Nas redes sociais, muitos brasileiros comemoraram, orgulhosos.
"Energia positiva"
O mundo conheceu um pouco mais da já famosa receptividade brasileira. Segundo pesquisa do Ministério do Turismo, realizada durante os Jogos, 98,6% dos estrangeiros aprovaram a hospitalidade do carioca.
Além disso, muitos turistas elogiaram o trabalho dos voluntários, que, em vários momentos, compensaram a falta de organização com simpatia. Em uma volta pelo Parque Olímpico, a DW Brasil presenciou voluntários improvisando nos alto-falantes, cantando músicas e pedindo animação. "Aqui só entra energia positiva", dizia um deles. Já a torcida brasileira suscitou opiniões controversas. O excesso de barulho e as vaias foram criticadas por parte da imprensa estrangeira e atletas - outros elogiaram a atmosfera e clima dos torcedores.
Boulevard Olímpico
O Boulevard Olímpico, área revitalizada do centro do Rio para os Jogos, foi um sucesso entre cariocas e turistas, ultrapassando as expectativas de público. Cerca de um milhão de pessoas visitaram o local nos primeiros dez dias dos Jogos, segundo a prefeitura do Rio. Além da escultura da pira olímpica, instalada na frente da igreja da Candelária, o mural Etnias, maior grafite do mundo, do artista Eduardo Kobra, foram grandes atrações do Boulevard. A área tinha telões para acompanhar os jogos, cerca de cinquenta foodtrucks, três palcos com até cinco shows diários e apresentações de blocos carnaval e baterias de escola de samba. O Boulevard Olímpico foi tão procurado que cariocas começaram a reclamar de superlotação e da falta de banheiros.
O que deu errado?
A piscina verde
Um dos maiores constrangimentos dos Jogos do rio foi a mudança de coloração das piscinas do Centro Aquático Maria Lenk, no Parque Olímpico. Uma delas, utilizada nos saltos ornamentais, ficou com um tom verde escuro. A outra, usada para o nado sincronizado teve que ser esvaziada, após diversas tentativas de corrigir o problema. As duas piscinas voltaram à cor azul na metade das competições.
O Comitê afirmou que o problema foi causado pelo uso inadequado de um produto químico e pelo defeito em um detector eletrônico. O diretor de comunicação da Rio 2016, Mario Andrada, chegou a dizer que "química não é uma ciência exata". Segundo o Comitê, a água não oferecia risco para a saúde dos atletas entretanto, alguns deles reclamaram de ardência nos olhos.
Filas quilométricas
No primeiro dia de competição, filas enormes se formaram na entrada do Parque Olímpico, do complexo de Deodoro e da Arena do Vôlei de Praia, em Copacabana. De acordo com os organizadores, a longa espera foi causada por falhas no funcionamento de aparelhos de raio-X. Pelo menos 40 mil pessoas entraram em contato com o Comitê Olímpico para reclamar dos transtornos. Ao longo dos Jogos, o problema foi resolvido, e a situação, normalizada. Em algumas ocasiões, entretanto, as filas voltaram a atrapalhar os torcedores, como na terça-feira (16/08), antes de jogos no Maracanã e no Maracanãzinho.
Também houve casos de filas nos transportes para os locais de competição, principalmente no BRT (corredores de ônibus) para a Barra e em trens para Deodoro. Apesar disso, a locomoção dos torcedores, em geral, foi eficiente. De acordo com pesquisa do do Ministério do Turismo, 86,6% dos visitantes estrangeiros aprovaram o transporte público durante as Olimpíadas.
Sem sombra, nem água fresca
O inverno carioca, que teve vários dias com temperaturas acima dos 30ºC, castigou os torcedores presentes no Parque Olímpico. Ali, abrigo do sol só dentro das arenas esportivas. Nas áreas coletivas e no caminho entre uma prova e outra, os espectadores disputavam até sombra de poste. Além disso, nos primeiros dias, foi difícil até comprar uma água. Havia filas enormes e, em vários momentos, faltou comida no parque. O problema da alimentação foi resolvido em poucos dias já a falta de sombra continuou até o fim dos Jogos.
Polêmicas
Zika e outras doenças
Cerca de quatro meses antes da Olimpíada, os brasileiros estavam assustados com os surtos simultâneos de dengue, zika, chikungunya e até H1N1. O sistema de saúde ficou sobrecarregado, e a população iniciou uma busca desenfreada por vacinas, remédios e repelentes em farmácias. Na época, especialistas já alertavam que a transmissão das doenças provavelmente diminuiria até os Jogos. Mesmo assim, o medo do vírus zika desanimou turistas estrangeiros e até alguns atletas, que desistiram de competir nas Olimpíadas. Durante os Jogos, entretanto, a preocupação com a doença se dissipou.
Segurança
Apesar da Olimpíada não ter sofrido ataques terroristas o que preocupava turistas e autoridades meses antes dos Jogos uma série de incidentes colocou em xeque a segurança da Rio 2016. Logo no primeiro dia, houve duas mortes relacionadas a assaltos em áreas estratégicas: uma durante a cerimônia de abertura, próximo ao Maracanã, e outra na região portuária, perto do Boulevard Olímpico.
O Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro, foi duas vezes atingido por balas perdidas, sem deixar feridos. O ministro da Educação de Portugal foi assaltado em Ipanema, e um ônibus oficial da Rio 2016 com jornalistas foi alvejado por pedras, segundo a perícia. A versão é contestada por alguns repórteres que estavam no veículo para eles, o ônibus foi atingido por tiros.
Em outro episódio, três policiais da Força Nacional foram atacados por traficantes, ao entrarem por engano em uma favela. Um deles, o soldado Helio Vieira, da polícia militar de Roraima, foi atingido na cabeça e morreu.
O assalto inventado
Por fim, o nadador norte-americano Ryan Lochte afirmou ter sido vítima de um assalto a mão armada na saída de uma festa na zona sul da cidade, junto com outros atletas. Após investigar o caso, a Polícia Civil concluiu que o nadador mentiu. O comitê olímpico dos EUA e Lochte acabaram pedindo desculpas ao Brasil.
Antes do incidente ter sido esclarecido, o governo brasileiro afirmou que o esquema de segurança, que contou com mais de 88 mil agentes, foi eficiente. De acordo com pesquisa do Ministério do Turismo, realizada durante os Jogos, 88,4% dos visitantes internacionais avaliaram positivamente a segurança na cidade.
Autor: Marina Estarque