Grupo ligado à organização terrorista afirma que ativista e amigo foram mortos por promover a homossexualidade. Governo nega envolvimento de grupos extremistas internacionais no ataque e acusa oposição fundamentalista.
Um grupo ligado à Al Qaeda reivindicou nesta terça-feira (26/04) a responsabilidade pelas mortes de um ativista dos direitos LGBT e de um amigo dele em Bangladesh. Os extremistas afirmaram que os dois homens foram mortos por serem "pioneiros na prática e na promoção da homossexualidade".
O anúncio foi feito pelo grupo Ansar Al Islam, ligado à Al Qaeda no Subcontinente Indiano (AQIS), por meio de uma mensagem no Twitter. Os extremistas classificaram o ataque como "abençoado" e alegaram que os mortos "trabalhavam dia e noite para promover a homossexualidade", com a ajuda de aliados americanos e indianos.
A polícia de Daca, porém, contestou a reivindicação de autoria e afirmou que ela é infundada. O governo do país nega com veemência que haja organizações terroristas internacionais em Bangladesh. Poucas horas antes do Ansar Al Islam reivindicar o ataque, o primeiro-ministro Sheikh Hasina responsabilizou a oposição fundamentalista pelas mortes.
O ataque
Os terroristas invadiram na segunda-feira o apartamento de Xulhaz Mannan, editor da primeira revista LGBT de Bangladesh, e atacaram o ativista e um amigo com facões. A outra vítima foi identificada como o ator de teatro Mahbub Rabbi Tonoy.
Durante o funeral do ativista, seu irmão, Minhaz Mannan Emon, disse que o islã deveria proteger a liberdade de expressão. "Um muçulmano verdadeiro sempre vai considerar que ele tem liberdade de expressão. Nós devemos respeitar essa opinião", ressaltou.
O ativista assassinado escrevia abertamente sobre a frustração de não poder assumir sua sexualidade em Bangladesh, onde a homossexualidade é considerada um crime. Mannan lançou em 2014 a revista LGBT que editava.
Bangladesh enfrenta uma onda de violência contra ativistas, estrangeiros e minorias religiosas nos últimos meses. Desde fevereiro de 2015, extremistas islâmicos reivindicaram a morte de pelo menos 17 pessoas.
CN/rtr/ap