Washington, Tóquio, Seul e Pequim advertem Coreia do Norte contra disparo de míssil
A Coreia do Norte informou o futuro lançamento de um foguete garantindo se tratar de um programa espacial de caráter científico. A comunidade internacional considera que os lançamentos são testes encobertos de mísseis balísticos
07:14 | Fev. 03, 2016
Tóquio, Seul e Pequim se somaram nesta quarta-feira, 3, a Washington e alertaram a Coreia do Norte para as consequências do eventual disparo de um míssil balístico, semanas após Pyongyang realizar seu quarto teste nuclear.
A Coreia do Norte informou na terça-feira, 2, a três agências da ONU que lançará um foguete para colocar um satélite em órbita entre 8 e 25 de fevereiro.
Pyongyang insiste que se trata de um programa espacial de caráter exclusivamente científico, mas a comunidade internacional considera que os lançamentos são testes encobertos de mísseis balísticos.
Este anúncio ocorre num momento em que as Nações Unidas preparam uma resolução para endurecer as sanções contra a Coreia do Norte, após o anúncio de que havia realizado em 6 de janeiro passado seu quarto teste de uma bomba nuclear.
Um lançamento deste tipo teria "consequências reais" e seria "um argumento mais forte em favor de uma ação do Conselho de Segurança das Nações Unidas", declarou o secretário de Estado americano adjunto para a Ásia, Danny Russel, afirmando que isso pode se traduzir em "duras sanções suplementares".
[SAIBAMAIS3]A China também expressou nesta quarta-feira, 3, sua profunda inquietação sobre os planos norte-coreanos. "Expressamos nossa profunda inquietação a respeito", disse um porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Lu Kang.
Ele convocou Pyongyang a se abster de "ações que possam conduzir a uma escalada das tensões na península coreana".
O governo japonês reagiu com dureza. "Se a Coreia do Norte se obstinar a realizar este lançamento, será uma violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e uma séria provocação", disse o primeiro-ministro Shinzo Abe ante o Parlamento.
O ministério japonês da Defesa emitiu posteriormente uma ordem para destruir o míssil "se ficar confirmado que cairá sobre o território japonês".
Pouco antes, o governo da Coreia do Sul em uma declaração oficial havia convocado a Coreia do Norte a renunciar ao projeto, argumentando que "todo lançamento utilizando tecnologia balística é uma violação das resoluções da ONU".
"É um comportamento típico", estima John Delury, professor associado da Universidade Yonsei de Seul. "Enquanto esperam a resposta para o teste nuclear, também decidem disparar um míssil. O Norte costuma atingir duas vezes".
Segundo a informação fornecida pelo regime norte-coreano, o lançamento será realizado pela manhã, entre as 7h e as 12h locais (20h 30min - 01h 30min de Brasília).
As datas escolhidas sugerem que o lançamento coincidirá com 16 de fevereiro, aniversário do ex-líder Kim Jong-Il, pai do atual chefe de Estado, Kim Jong-Un.
As especulações na comunidade internacional sobre este lançamento foram crescendo nas últimas semanas devido às imagens de satélite que mostram um aumento da atividade na estação de lançamento de Sohae.
Desde o início de 2013, a Coreia do Norte aumentou as capacidades da base de Sohae, que agora pode lançar foguetes a uma distância maior e com cargas mais pesadas.
Mas a maioria dos especialistas acredita que Pyongyang ainda está longe de alcançar a capacidade de enviar mísseis balísticos intercontinentais.
"A Coreia do Norte ainda está longe de poder atacar o território americano", explicou Siegfried Hecker, um dos principais especialistas ocidentais sobre o programa norte-coreano.
"Só realizou um lançamento espacial com êxito. Precisa de muito mais, mas fez um grande esforço nesta direção", indicou.
AFP