Controle de passaportes passa a vigorar imediatamente e tem caráter temporário. Medida é reação à decisão da Suécia de exigir identificação na sua fronteira com a Dinamarca.
A Dinamarca anunciou nesta segunda-feira (04/01) a retomada imediata dos controles de passaporte na fronteira com a Alemanha, horas depois de a Suécia ter anunciado decisão semelhante na sua fronteira com a Dinamarca.
O primeiro-ministro dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, justificou a decisão como uma reação à medida adotada pela Suécia. Ele ressaltou que os controles de passaporte devem durar dez dias, mas podem ser estendidos. Segundo Rasmussen, o controle é aleatório. "Nem todos serão controlados."
A Dinamarca teme que, com a Suécia bloqueando a entrada de refugiados, tenha que arcar com um aumento no número de pedidos de asilo. A Dinamarca é a principal rota de passagem de migrantes que seguem da Alemanha rumo à Suécia para pedir asilo. Com o controle de passaportes, Suécia e Dinamarca querem barrar imigrantes que estejam sem documentos.
A Suécia iniciou nesta segunda-feira os controles na Ponte de Öresund, que liga a capital dinamarquesa, Copenhague, à cidade sueca de Malmö. Viajantes em trens e ônibus devem apresentar um documento de identificação para seguir viagem. Pessoas que estão em automóveis não estão sendo controladas.
A Ponte de Öresund tem quase oito quilômetros de extensão e por ela passam tanto trens como veículos. Os controles afetam também as cerca de 20 mil pessoas que passam diariamente pela ponte para trabalhar ou estudar do outro lado. Balsas também estão sendo controladas.
Um porta-voz do Ministério do Exterior da Alemanha considerou que o princípio da livre circulação na União Europeia está em perigo depois de a Dinamarca e a Suécia terem retomado o controle de fronteiras. "A liberdade de circulação é um princípio importante, uma das maiores realizações [da União Europeia] nos últimos anos", disse. "Schengen é muito importante, mas está em perigo", acrescentou.
Já em meados de novembro, o governo em Estocolmo havia introduzido controles de fronteira esporádicos, o que levou a uma redução na chegada de refugiados. Em dezembro, o Parlamento sueco aprovou uma lei que obriga o controle de passaportes nas empresas de transporte que cruzam a Ponte de Öresund.
No ano passado, mais de 1 milhão de refugiados chegaram à Europa. A maior parte deles fugiu de regiões de conflito na Síria, no Afeganistão e no Iraque. A Suécia, com seus cerca de 10 milhões de habitantes, tem uma política de asilo tradicionalmente generosa. Em 2015, o país acolheu mais de 160 mil refugiados, mas os municípios afirmaram que chegaram aos seus limites e estão absolutamente sobrecarregados.
FF/dpa/ap/afp/lusa