Intolerância força a imprensa online a eliminar espaço de comentários
E o problema não acontece apenas nos Estados Unidos. Esta questão forçou, por exemplo, a maior mídia sul-africana online, 24.com, a excluir a seção de comentários, o que foi acompanhado pelo Independent Online
A internet deveria facilitar os intercâmbios entre o leitor e os meios de comunicação. No entanto, os frequentes comentários recheados de violência e ódio estão levando a imprensa online a eliminar os espaços de debate até que seja encontrada uma solução. Em outubro, o portal Vice deixou de postar os comentários de seu internautas, destacando que "a natureza incendiária das seções de comentários só asfixia as conversas verdadeiras".
Em seu lugar, começou a incentivar o envio de cartas ao editor, que são examinadas pela equipe. Por sua vez, o site de notícias The Verge explicou, em julho, que suspenderia os comentários "por um curto período porque o tom estava se tornando muito agressivo e negativo".
Estes não são casos isolados: Chicago Sun Times, The Daily Beast, o site Re/Code e a Popular Science, entre outros meios de comunicação americanos, também decidiram suspender os comentários.
E o problema não acontece apenas nos Estados Unidos. Esta questão forçou, por exemplo, a maior mídia sul-africana online, 24.com, a excluir a seção de comentários, o que foi acompanhado pelo Independent Online.
"As redações realmente estão lutando com isso", afirmou à AFP Jennifer Stromer-Galley, professora de estudos da informação na Universidade de Syracuse no estado de Nova York.
"Apesar de a mídia gostar da ideia dos comentários, porque incentiva os leitores a participar, o lado negativo é que isso também afasta as pessoas que não gostam de tanto veneno e violência". "A preocupação é que, ao invés de reforçar a comunicação, perdemos leitores", acrescentou.
Para Arthur Santana, professor da Universidade de Houston (Texas) e que dirige um estudo sobre este tema, as redações temem virar um lugar de linchamento público e tentam reagir diante do "recrudescimento das descortesias e dos ataques 'ad hominem'".
Alguns buscam inspiração em outros modelos na internet para tentar controlar os "trolls", como são conhecidas as pessoas que postam sistematicamente comentários grosseiros. A ferramenta do Facebook que verifica a identidade dos usuários que comentam em sua rede social e requer o uso de nomes reais é considerada pelos grupos de imprensa uma solução viável.
Um estudo da Universidade de Kent, realizado em 2013, demonstrou que, ao tornar seus usuários responsáveis com sua identidade revelada, o Facebook conseguiu que "fosse menos provável que se envolvessem em discussões desrespeitosas".
No entanto, quando o Huffington Post acabou com os comentários anônimos e utilizou a ferramenta do Facebook, enfrentou a fúria dos internautas. "Com a criação de obstáculos à livre publicação, perde-se muitos comentaristas", explica David Wolfgang, pesquisador de jornalismo da Universidade do Missouri.
Os meios de comunicação maiores empregam geralmente equipes de moderadores, encarregados de evitar qualquer excesso nos debates. Mas isso nem sempre é suficiente e, na falta de orçamento, nem todos os sites podem se permitir a esses artifícios.
Então recorrem à tecnologia, principalmente a softwares que prometem fazer o trabalho automático para assegurar um debate sem violência ou ódio. The Washington Post e The New York Times participam, por exemplo, de um projeto lançado pela Fundação Knight, que busca criar um software adaptado aos sites de notícias.
O diretor de projetos digitais para o Washington Post, Greg Barber, considera que a "civilidade é um desafio para todos". Ele explicou que os jornais recebem oito milhões de comentários por ano e devem lutar para manter um tom positivo usando seus próprios moderadores.
"Quando os usuários veem pessoas que estão jogando pedras, o mais provável é que peguem uma pedra e joguem também", exemplificou. "Em compensação, se leem uma discussão razoável, vão querer contribuir de uma maneira razoável".
Os criadores do projeto "Coral" estão em contato com a mídia de 25 países interessados por este software, cujas versões de teste deverão estar disponíveis a partir de janeiro de 2016, indicou Barber.
Em seu lugar, começou a incentivar o envio de cartas ao editor, que são examinadas pela equipe. Por sua vez, o site de notícias The Verge explicou, em julho, que suspenderia os comentários "por um curto período porque o tom estava se tornando muito agressivo e negativo".
Estes não são casos isolados: Chicago Sun Times, The Daily Beast, o site Re/Code e a Popular Science, entre outros meios de comunicação americanos, também decidiram suspender os comentários.
E o problema não acontece apenas nos Estados Unidos. Esta questão forçou, por exemplo, a maior mídia sul-africana online, 24.com, a excluir a seção de comentários, o que foi acompanhado pelo Independent Online.
"As redações realmente estão lutando com isso", afirmou à AFP Jennifer Stromer-Galley, professora de estudos da informação na Universidade de Syracuse no estado de Nova York.
"Apesar de a mídia gostar da ideia dos comentários, porque incentiva os leitores a participar, o lado negativo é que isso também afasta as pessoas que não gostam de tanto veneno e violência". "A preocupação é que, ao invés de reforçar a comunicação, perdemos leitores", acrescentou.
Para Arthur Santana, professor da Universidade de Houston (Texas) e que dirige um estudo sobre este tema, as redações temem virar um lugar de linchamento público e tentam reagir diante do "recrudescimento das descortesias e dos ataques 'ad hominem'".
Alguns buscam inspiração em outros modelos na internet para tentar controlar os "trolls", como são conhecidas as pessoas que postam sistematicamente comentários grosseiros. A ferramenta do Facebook que verifica a identidade dos usuários que comentam em sua rede social e requer o uso de nomes reais é considerada pelos grupos de imprensa uma solução viável.
Um estudo da Universidade de Kent, realizado em 2013, demonstrou que, ao tornar seus usuários responsáveis com sua identidade revelada, o Facebook conseguiu que "fosse menos provável que se envolvessem em discussões desrespeitosas".
No entanto, quando o Huffington Post acabou com os comentários anônimos e utilizou a ferramenta do Facebook, enfrentou a fúria dos internautas. "Com a criação de obstáculos à livre publicação, perde-se muitos comentaristas", explica David Wolfgang, pesquisador de jornalismo da Universidade do Missouri.
Os meios de comunicação maiores empregam geralmente equipes de moderadores, encarregados de evitar qualquer excesso nos debates. Mas isso nem sempre é suficiente e, na falta de orçamento, nem todos os sites podem se permitir a esses artifícios.
Então recorrem à tecnologia, principalmente a softwares que prometem fazer o trabalho automático para assegurar um debate sem violência ou ódio. The Washington Post e The New York Times participam, por exemplo, de um projeto lançado pela Fundação Knight, que busca criar um software adaptado aos sites de notícias.
O diretor de projetos digitais para o Washington Post, Greg Barber, considera que a "civilidade é um desafio para todos". Ele explicou que os jornais recebem oito milhões de comentários por ano e devem lutar para manter um tom positivo usando seus próprios moderadores.
"Quando os usuários veem pessoas que estão jogando pedras, o mais provável é que peguem uma pedra e joguem também", exemplificou. "Em compensação, se leem uma discussão razoável, vão querer contribuir de uma maneira razoável".
Os criadores do projeto "Coral" estão em contato com a mídia de 25 países interessados por este software, cujas versões de teste deverão estar disponíveis a partir de janeiro de 2016, indicou Barber.
AFP