Corte alemã facilita revelação de identidade de doadores de sêmen
Filhos em qualquer faixa etária podem solicitar nome do pai biológico nas clínicas de reprodução, decide Corte Federal de Justiça da Alemanha. Medida pode trazer implicações para doações a bancos de esperma.
A Corte Federal de Justiça da Alemanha tornou mais fácil para filhos de doadores de sêmen a busca pela identidade de seus pais biológicos. Segundo decisão anunciada nesta quarta-feira (28/01) não é necessária uma idade mínima para requerer os dados do doador junto a clínicas de reprodução.
Os pais legais destas crianças também poderão buscar informações sobre os doadores, desde que seja com a finalidade de "informar o filho". E isso pode ser possível logo após o nascimento do bebê, de acordo com os magistrados.
Doações de sêmen na Alemanha são anônimas para os receptores do material, porém, as clínicas reprodutivas que fazem o armazenamento arquivam os nomes dos doadores.
Em caso de pedido para revelação da identidade, o doador teria o direito de decidir se quer ter seu nome divulgado, assim como também deve ser considerado seu direito de confidencialidade médica, reconhece o tribunal. No entanto, o direito da criança de conhecer quem é seu pai biológico e, com isso, buscar informações sobre seus ancestrais é de fundamental importância para "o desenvolvimento de sua personalidade", afirma a corte.
Consequências de divulgação da identidade
A nova decisão foi anunciada logo após duas irmãs, de 12 e 17 anos de idade, apelarem à Corte Federal de Justiça, na cidade de Karlsruhe, após uma clínica reprodutiva se recusar a fornecê-las a identidade do pai biológico. Os pais legais das meninas assinaram um termo afirmando não ter interesse em saber quem era o doador do sêmen.
No entanto, quando as meninas cresceram, os pais, atuando como os representantes legais das duas, decidiram solicitar os dados sobre o doador do esperma e apelaram à corte estadual em Hannover. O tribunal, porém, rejeitou o pedido e disse que a revelação da identidade só seria possível depois que as crianças completassem 16 anos. Eles levaram então o caso para a Corte Federal, que agora o concedeu.
Segundo estimativas, existem na Alemanha aproximadamente 100 mil crianças frutos de sêmen armazenado em bancos. A nova regra poderá ter graves implicações para as doações no futuro. Teoricamente, os filhos poderão levar o pai biológico a juízo e poderão exigir até mesmo pensão, ou ainda ter direito aos bens após sua morte.
Desde 2007 está vigente uma nova regra pela qual o doador pode ser revelado mais tarde, caso haja interesse dos filhos em procurá-los.
MSB/epd/dpa