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Semana da Música de Berlim reúne shows, festa e debates

14:46 | Set. 03, 2014
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Um dos destaques da Berlin Music Week em 2014 são as apresentações de novos cantores internacionais nas ruas. O evento que está na quinta edição atrai milhares de fãs e visitantes especializados até a capital alemã. Berlim é conhecida por suas festas sem fim, como as do Club Berghain, que vão da noite de sexta até a manhã de segunda. Mas a capital alemã, berço do evento tecno Love Parade, não se limita à música eletrônica. Todos os dias, bandas e DJs tocam nos mais diversos concertos e festas, pela capital alemã afora. Uma cidade com uma cena musical dessas precisa de um evento à altura, para celebrar tamanha variedade. Ele é a Berlin Music Week, uma mistura de festival e ponto de encontro para profissionais do setor musical, que em 2014 acontece de 3 a 7 de setembro, e da qual a Deutsche Welle é parceira de mídia. Seu programa parece um tanto caótico, à primeira vista. Ao lado e conferências para os representantes do setor, vários festivais ocorrem simultaneamente, com muitos artistas em diversos locais. Além disso, há eventos paralelos, organizados por parceiros, que parecem não ter nada a ver com música, como a Longa Noite dos Startups. Björn Döring, diretor da Berlin Music Week, concorda, rindo: "Nós mesmos quase perdemos a noção do que está programado." Novos artistas vão às ruas Numa cena musical agitada como a da metrópole alemã, não é fácil elaborar um programa. "Fazer algo diferente em Berlim é um desafio", reconhece Döring. Além disso, são poucos os grandes nomes no festival. Como o K.I.Z., Woodkid e Moderat, que se apresentam nos dias 4 e 5 de setembro. Em vez disso, a maioria dos shows reúne artistas (ainda) desconhecidos. No evento First We Take The Streets (Primeiro tomamos as ruas), realizado este ano pela primeira vez, as bandas tocam nas ruas em torno da East Side Gallery. Já em First We Take Berlin, os shows são em cerca de 150 clubes. Os organizadores deixaram boa parte da escolha dos artistas a cargo de seus parceiros, como agências de representação artística ou o Melt!Festival. Os músicos não vêm só da Alemanha: há o ganense Guy One, e Norma Jean Martine, de Nova York, por exemplo. Além disso, o PopXport, o magazine de música da DW, apresenta a entrega dos VUT Indie Awards, para o qual estão indicadas bandas de peso, como The Notwist e Moderat. Assim como os artistas, o público vem de todo o mundo. Björn Döring conta com o comparecimento de até 25 mil pessoas, mais do que na edição anterior. A expectativa é que não se limitem a assistir às bandas famosas. "Nós apostamos na curiosidade dos visitantes. E não há risco financeiro." A parte do festival ao ar livre é gratuita, e os ingressos para First We Take Berlin são baratos. Quem quiser, pode até escutar os artistas previamente, através de um aplicativo de celular. Fim da "festa de autopromoção" Com essa concepção, o festival-feira de música berlinense segue os passos de grandes eventos para novas bandas como o Eurosonic, em Groningen, Holanda, ou o South by Southwest, em Austin, Texas. Mas Björn Döring se considera ainda longe de ocupar a linha de frente nessa lista. "Somos principiantes. O South by Southwest e o Eurosonic estão há anos no mercado." Por sua vez, a Berlin Music Week está somente na quinta edição e, segundo Döring, a principal concorrência parte da própria Alemanha. "O concorrente mais forte é o Festival Reeperbahn de Hamburgo." Mas o evento em Berlim já está à frente do c/o Pop de Colônia, afirma, autoconfiante. E, no entanto, a Semana de Berlim tem suas origens em Colônia. Em 2004, a feira de música Popkomm se mudou daquela cidade renana para a capital da Alemanha. Contudo logo ficou claro que o antigo conceito da feira estava ultrapassado: os modelos de aquisição já não funcionavam, o volume de vendas caiu. Sob tais circunstâncias, ninguém mais queria uma "festa de autopromoção" como o produtor musical Tim Renner classificou a Popkomm. "Mas, claro, um evento de encontro para o setor era necessário mesmo assim", conta Döring, "e agora ele ocorre paralelo ao festival." Por isso, em 2010 foi dada a partida para a Berlin Music Week. Aconchego em vez de megalomania O programa de conferências Word! atrai os visitantes especializados. Björn Döring espera que 3 mil profissionais frequentem seus seminários e workshops. Um dos eventos reservados aos membros da indústria da música, por exemplo, é o Music Hack Day. Nele, cerca de 150 cabeças criativas, designers e desenvolvedores de software se encontram, dispondo de apenas 24 horas para elaborar um novo produto ou programa. Mo Loschelder, dona da agência artística Media Loca, vai frequentar alguns painéis desta edição. Ela esteve na Berlin Music Week de 2013, "e foi surpreendentemente bom". "Houve painéis e discussões interessantes com especialistas", e este ano ela está especialmente interessada nos debates específicos de gênero, como o sobre mulheres no ramo da música. A ex-DJ berlinense não considera o evento tão internacional assim. "Ele é muito focado em Berlim, e os formatos se mantêm modestos." Isso não é necessariamente uma desvantagem, ressalta. "A rede de contatos na capital alemã é muito atraente também. E quando um evento é bombástico, megalomaníaco demais, não funciona aqui. É como a cena de clubes noturnos da cidade: ela faz mais o tipo aconchegante."

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