UE amplia sanções para aumentar pressão sobre Moscou
13:57 | Mai. 12, 2014
Pela primeira vez bloco mira em empresas da Crimeia nacionalizadas pela Rússia após anexação da península. Diplomatas alertam para possibilidade de mais restrições caso haja problemas durante eleição ucraniana.
A União Europeia ampliou nesta segunda-feira (12/05) as sanções contra envolvidos no conflito na Ucrânia, foco da maior crise diplomática entre Ocidente e Moscou desde a Guerra Fria. Além de incluir 13 pessoas de identidade ainda não revelada em sua lista de vistos negados e bens congelados, o bloco impôs, pela primeira vez, restrições a empresas russas.
Com o objetivo de pressionar as partes envolvidas no impasse, a UE decidiu congelar os bens de duas empresas na Crimeia que foram nacionalizadas pela Rússia logo após o referendo que garantiu a anexação da península autônoma ao território russso.
"Decidimos adotar uma nova lista de pessoas sujeitas a sanções, assim como entidades que se beneficiaram da anexação ilegal da Crimeia", disse o ministro francês de Assuntos Europeus, Harlem Desir. "A decisão confirma a grande determinação da UE em garantir que a integridade territorial e a soberania da Ucrânia sejam respeitadas."
Após uma reunião em Bruxelas, o bloco afirmou que sanções mais duras podem ser impostas caso "ações e provocações" dificultem a campanha para as eleições presidenciais ucranianas, marcadas para 25 de maio.
Em comunicado, o bloco afirmou que acompanhará "com atenção" as atitudes e o comportamento de todas as partes envolvidas na crise para a realização de eleições "livres e justas" na Ucrânia.
Apesar de a nova rodada de sanções ser um passo adiante na estratégia de pressionar a Rússia, as medidas tomadas pela UE ainda estão aquém das impostas pelos EUA, que anunciaram restrições a pelo menos 17 empresas.
A reticência do bloco em aplicar sanções contra a Rússia se deve em parte à forte dependência de energia vinda do país para alguns dos membros da UE.
Alguns países-membro do bloco temem que sanções comerciais contra a Rússia acabem prejudicando suas próprias economias, que ainda estão em processo de recuperação após a crise. Entre os integrantes da UE mais reticentes em intensificar as sanções estão Itália, Grécia, Chipre, Bulgária, Luxemburgo e Espanha.
Solução política
Ao mesmo tempo em que pressiona a Rússia, a União Europeia tenta encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, foi nesta segunda-feira a Kiev para conversas com o governo interino. O objetivo da visita é promover o diálogo e tentar pôr um fim à violência antes das eleições do dia 25. O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, também visitará o país nesta semana.
A Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) está organizando uma série de encontros e discussões entre as diferentes forças políticas na Ucrânia, que deve começar ainda nesta semana.
"Essas mesas-redondas devem unir representantes do governo nacional, do Parlamento ucraniano e de outras regiões", disse o presidente da OSCE, Didier Burkhalter. Segundo ele, no entanto, grupos armados não devem participar das discussões.
RM/ap/rtr/dpa