Ex-premiê alemão diz que festa com Putin ajudou a libertar reféns na Ucrânia
13:13 | Mai. 11, 2014
Gerhard Schröder rebate críticas a encontro com chefe de Estado russo em São Petersburgo. Oportunidade teria contribuído para liberação dos observadores da OSCE pelos separatistas pró-Rússia, alega ex-chanceler federal.
O ex-chanceler federal da Alemanha Gerhard Schröder, se defendeu das críticas a seu encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, numa recepção no fim de abril em São Petersburgo. O alemão disse que o encontro, durante evento em homenagem a seu 70º aniversário, teria contribuído para a liberação dos observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) pelos separatistas pró-russos na Ucrânia.
Em entrevista publicada neste domingo (11/05) pelo jornal alemão Welt am Sonntag e o semanário suíço SonntagsBlick, o social-democrata alemão afirmou ter se alegrado com presença do chefe de Estado no evento.
"Até porque eu sabia que seria uma oportunidade para uma conversa", sublinhou. Conforme Schröder, isso teria ajudado a alcançar "um sucesso" na crise da Ucrânia. "Aproveitei a conversa com o presidente Putin para pedir que ele ajudasse na libertação dos reféns."
Oito observadores da OSCE, entre os quais, quatro alemães, foram detidos no final de abril no leste da Ucrânia, juntamente com quatro militares ucranianos. Os "prisioneiros de guerra", como os classificaram os separatistas pró-russos, foram soltos no início de maio.
Abraço caloroso
A festa em São Petersburgo foi oferecida pela Nord Stream, empresa controlada pelo grupo estatal russo Gazprom, de cujo conselho de administração o ex-chefe de governo alemão é presidente. No encontro, ele recebeu Putin com um caloroso abraço.
A foto da saudação chamou a atenção da mídia da Alemanha e suscitou severas críticas. Schröder se defendeu dizendo que cumprimenta Putin dessa maneira "desde que se conhecem, há 14 anos". "E não mudaria isso em tempos difíceis", ressaltou.
Na entrevista, o político social-democrata acusou a União Europeia de "graves erros no caso da Ucrânia": o bloco teria ignorado que ela "é um país profundamente dividido culturalmente". Além disso, a UE deveria ter procurado dialogar com a Rússia, paralelamente às negociações sobre um acordo de parceria com a ex-república soviética.
Ele também criticou as ameaças de sanções contra Moscou, proferidas pelos Estados Unidos e a UE. Ao invés disso, seria preciso mais "conversas de igual para igual": "As pessoas deveriam falar menos em sanções e mais sobre os interesses de segurança russos", apelo Schröder u.
MD/afp/dpa