Imigrantes africanos protestam contra governo de Israel
Cerca de 60 mil imigrantes africanos, a maioria do Sudão e da Eritreia, fizeram uma longa jornada pelo Egito e outros países muçulmanos para chegar a Israel nos últimos anos. Alguns fugiram da violência e da opressão em seus países de origem, enquanto outros buscam uma vida melhor e mais oportunidades em Israel.
Em setembro, a Suprema Corte de Israel derrubou um artigo da lei que combate a infiltração de pessoas, que permitia que ilegais fossem presos por até três anos. A prisão foi considerada uma violação da dignidade humana. Em contrapartida, o Parlamento estabeleceu um centro de detenção "aberto", que segundo os refugiados equivale a uma prisão.
A manifestação desta segunda-feira atraiu cerca de 10 mil pessoas, segundo a polícia. Os imigrantes, alguns dos quais são trabalhadores braçais em Israel, participam de uma greve de três dias. No domingo, mais de 13 mil deles se reuniram no centro de Tel-Aviv.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fez da questão uma prioridade, afirmando que os africanos são infiltrados que infringiram as leis israelenses ao entrar em Israel pela fronteira à procura de emprego. Ele disse que Israel precisa aplicar a lei aos estrangeiros, caso contrário o país ficará cheio de trabalhadores africanos.
O fluxo de imigrantes elevou as tensões e alguns israelenses os responsabilizam por roubos, crimes violentos e por transformar a identidade judaica em alguns bairros. Muitos os imigrantes africanos se estabeleceram nas proximidades de um terminal de ônibus no sul de Tel-Aviv, onde moradores mais antigos dizem que se sentem ameaçados.
Dawit Domuz, natural da Eritreia, disse à Rádio Israel que fugiu do perigo em seu país natal. "Chegamos a Israel buscando asilo e queremos que o governo israelense analise nossos pedidos de asilo de forma transparente", disse ele à emissora em hebraico perfeito. "Eles deveriam nos conceder direitos básicos até que possamos voltar para nossos países", afirmou.
O vice-prefeito de Tel-Aviv, Arnon Giladi, disse à rádio que os imigrantes entraram em Israel pelo Egito e, portanto, esse país deve ser responsável por conceder asilo a eles. Segundo Giladi, os imigrantes foram para Israel por razões financeiras.
"Eles não são refugiados", afirmou o vice-prefeito. "Eles imigraram por razões econômicas, nada mais do que isso."
Para conter o fluxo de imigrantes, Israel ergueu uma cerca ao longo das fronteira de 220 quilômetros com o Egito e abriu um centro de detenção num remoto deserto ao sul. O governo afirma que a cerca impede os africanos de entrar ilegalmente em Israel.
O governo também ofereceu incentivos para que os imigrantes deixem o país, mas não consegue deportar a maioria deles porque eles enfrentariam perigos se voltassem para seus países de origem.
Os imigrantes, juntamente com grupos de direitos humanos que os apoiam, se reuniram do lado de fora da embaixada dos Estados Unidos em Tel-Aviv nesta segunda-feira. Alguns agitavam suas bandeiras nacionais e outros carregavam cartazes que dizem "liberdade e não prisão" e "ninguém escolhe ser um refugiado".
Os imigrantes reclamam que o Ministério do Interior desacelerou a renovação de vistos temporários, que eles usam para conseguir emprego e muitos têm recebido avisos para se apresentar ao centro de detenção.
"Na semana passada eu fui parado na rua. O policial viu meu visto e disse que eu tinha de ir a Holot", disse Ftwi Mebrathem, de 28 anos, natural da Eritreia, referindo-se ao centro de detenção. "Eles dizem que não sou um refugiado, que vim aqui para trabalhar." Fonte: Associated Press e Dow Jones Newswires.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente