Chefe da diplomacia da UE vai ao Egito
A visita de Ashton ao Cairo é a segunda desde que o Exército derrubou o presidente islamita Mohammed Morsi, no dia 3 de julho. A viagem mostra a preocupação do Ocidente com a violência no Egito, que já matou mais de 260 pessoas e frustrou as expectativas de uma reconciliação política no país, profundamente dividido.
O incidente mais sangrento aconteceu no final de semana, quando forças de segurança mataram pelo menos 83 partidários de Morsi no Cairo. Membros do Human Rights Watch e médicos de campo entrevistados pela Associated Press disseram que muitos dos mortos foram assassinatos com tiros na cabeça e no peito.
Os confrontos do final de semana, descritos pela Irmandade como um "massacre", aconteceram após milhões de pessoas tomarem as ruas em apoio do ministro da Defesa, general Abdel-Fattah el-Sissi. O grande comparecimento às manifestações aconteceu após uma convocação de El-Sissi, que pediu demonstrações de apoio.
A deposição de Morsi pelos militares aconteceu após dias de protestos de rua, quando milhões de egípcios exigiram a saída do presidente.
As autoridades egípcias detiveram vários líderes da Irmandade e outros importantes islamitas desde a saída de Morsi.
Esse número aumentou na noite de domingo, quando autoridades prenderam dois importantes membros do partido Wasat, aliado à Irmandade, e os levou para a prisão de Tora, na capital.
Numa tentativa de mediar uma solução para a crise, Ashton planejou reuniões com os dois lados nesta segunda-feira. Ela se encontrou com El-Sissi, com o ministro de Relações Exteriores Nabil Fahmy e com o vice-presidente ElBaradei. Seu escritório informou em comunicado que ela também se reuniria com o presidente interino Adly Manour. O braço político da Irmandade Muçulmana disse que quatro de seus integrantes e o ex-primeiro-ministro de Morsi, Hesham Kandil, também conversarão com Ashton.
Em comunicado emitido antes de chegar ao Cairo, Ashton disse que conversaria com todos os lados para reforçar que "deve haver um processo de transição totalmente inclusivo, que envolva todos os grupos políticos, inclusive a Irmandade Muçulmana". Fonte: Associated Press.