AFP - Juiz dos EUA se recusa a arquivar processo civil contra Strauss-Khan
NOVA YORK, 1 Mai 2012 (AFP) - O juiz Douglas McKeon, de Nova York, se recusou nesta terça-feira a arquivar o processo civil apresentado pela camareira Nafissatou Diallo contra o ex-diretor do FMI, Dominique Strass-Khan, por agressão sexual.
Em seu relatório de doze páginas, o juiz negou a solicitação dos advogados do ex-diretor do FMI, que afirmava ainda que seu cliente não poderia ser processado no civil por estar coberto pela imunidade diplomática, algo que também foi rejeitado pelo magistrado.
McKenon classificou a tentativa dos advogados de Strauss-Kahn de fazer valer a imunidade diplomática como um "Hail Mary pass" (Passe Ave Maria), tradicional jogada desesperada de último minuto do futebol americano.
Diallo, de 33 anos, afirma que o ex-ministro francês a obrigou a realizar sexo oral no dia 14 de maio de 2011 em seu quarto no luxuoso Hotel Sofitel de Nova York. Strauss-Kahn reconheceu ter tido relações sexuais "inapropriadas" com ela, mas consentidas.
Os advogados da camareira comemoraram a decisão, dizendo-se "extremamente contentes", em um comunicado.
A decisão abre a via para um processo civil com jurado popular. Os advogados de ambas as partes podem recorrer à sentença da corte do Bronx, uma possibilidade que já havia sido evocada pelos advogados do político francês.
A promotoria de Manhattan havia abandonado o processo penal contra o político francês ao considerar que o testemunho de Diallo não era confiável. A empregada do Sofitel decidiu abrir um processo civil para defender-se do ataque, que classificou de brutal e "sádico" de um dos homens mais poderosos do planeta.
A equipe de advogados de Strauss-Kahn invocou uma Convenção adotada pelas Nações Unidas em 1974 para defender sua total imunidade.
"O senhor Strauss-Kahn não pode invocar a imunidade em um esforço para limpar seu nome e negar à senhora Diallo a oportunidade de limpar o seu", escreveu o juiz americano.A análise do caso de doze páginas do juiz começa com um trecho do relatório do FMI para 2011, que afirma: "a reputação de milhares de anos pode ser determinada pela conduta de uma hora".
O escândalo do Hotel Sofitel arruinou a carreira política e a imagem de Strauss-Kahn, considerado favorito para as eleições presidenciais deste ano na França.As sondagens da época lhe atribuíam uma clara vantagem frente ao presidente Nicolas Sarkozy, que finalmente se enfrentará neste domingo no segundo turno com o candidato socialista François Hollande.
Strauss-Kahn, que nunca havia sido condenado pela justiça, se viu envolvido também em um sórdido caso de prostituição, que arruinou de forma irreparável sua imagem.Na semana passada, o político, conhecido na França por DSK, afirmou que sua queda havia sido orquestrada em um 'complot' político. Strauss-Kahn afirmou também ao jornal britânico The Guardian que o caso de prostituição na França, pela qual também está sendo processado, é outra manobra política contra ele.
Segundo o jornal, o ex-diretor do FMI acusa os colaboradores do presidente Sarkozy e de seu partido de centro-direita UMP de encabeçarem sua queda.Sarkozy reagiu dizendo que o socialista "terá que explicar-se ante a lei e ante os franceses".
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