AFP - A próxima primeira-dama da França: uma ex-modelo ou uma jornalista
Enquanto Carla Bruni conhece o papel e vive no palácio presidencial há quatro anos, Valérie Trierweiler evita falar sobre o que será de sua vida no caso de vitória de François Hollande

PARIS, 4 Mai 2012 (AFP) - A ex top-model Carla Bruni, esposa do presidente Nicolas Sarkozy, e a jornalista Valérie Trierweiler, companheira do socialista François Hollande, participaram na campanha eleitoral francesa com um sutil duelo de estilo.
A atual primeira-dama, cantora e ex-modelo, terceira esposa de Nicolas Sarkozy, com quem se casou em 2008 no palácio presidencial do Eliseu, tentou suavizar durante a campanha a imagem impopular do presidente.
Carla Bruni, de 44 anos, que disse ter sido no passado "epidermicamente de esquerda", acompanhou os comícios do marido, fez vários elogios a Sarkozy e insistiu que o "antisarkozysmo é um fenômeno da elite parisiense".
Tenha acesso aos nossos colunistas,
grandes reportagens, podcasts, séries e muito mais.
Uma das mulheres mais fotografadas do mundo, ela fez confidências com aparente humildade sobre os quilos a mais ou o gosto por telenovelas.
Depois das críticas no início do mandato de Nicolas Sarkozy ao fato de o presidente exibir sua vida privada, Carla Bruni-Sarkozy evitou explorar sua fama. O nascimento da filha Giulia no Palácio do Eliseu, em outubro do ano passado, foi tratado com muita discrição.
Carla Bruni, além de tudo, é herdeira de um empresário italiano e de uma pianista.
Suas origens sociais são opostas às de Valérie Trierweiler, de 47 anos, filha de um pai deficiente e de uma mãe que trabalhava como caixa em uma pista de patinação na província de Angers (oeste da França).
Valérie Trierweiler, que está com o candidato socialista François Hollande desde 2007, pode representar o "toque glamour" que falta ao candidato socialista, que se define como alguém "normal".
A mudança de papel que a campanha significa para Valérie Trierweiler, jornalista que escreveu sobre os políticos e os entrevistou durante 20 anos, não é fácil.
"Que impacto ver sua foto na primeira página do próprio jornal! Revolta de descobrir a utilização de fotos sem minha aprovação ou uma prevenção", escreveu, indignada, no Twitter em março, depois que a revista Paris Match, para a qual trabalha, publicou um artigo com o título "O ás de encanto de François Hollande".
Divorciada e mãe de três adolescentes, a jornalista mudou o nome de trabalho e abandonou o noticiário político para evitar contradições entre o papel profissional e o papel na campanha, da qual participou com a presença nos comícios e dando opiniões sobre vários assuntos.
Apesar da postura, a virulência da campanha eleitoral, que se aprofundou entre os dois turnos, chegou a tal ponto que o próprio Nicolas Sarkozy condenou os ataques contra ela, ao afirmar que detestaria que fizessem o mesmo com Carla Bruni.
No final de abril, um deputado do partido de Sarkozy (UMP), Lionnel Luca, a chamou de "rottweiler" em um comício, no qual também proferiu insultos contra uma ex-secretária de Estado de Sarkozy que pediu votos para Hollande. E reiterou a agressão mais tarde ao afirmar que "o cão rottweiler não pede nada a ninguém, mas ela..."
Enquanto Carla Bruni conhece o papel e vive no palácio presidencial há quatro anos, Valérie Trierweiler evita falar sobre o que será de sua vida no caso de vitória de François Hollande.
"É muito complicado antecipar, nunca me projetei no depois", disse recentemente.