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Colombiano, nigeriana e norte-americano disputam presidência do Banco Mundial

14:05 | 23/03/2012
EUA anunciam Jim Yong Kim como candidato à chefia da instituição, ao lado de José Antonio Ocampo e Okonjo-Iweala. Eleição do norte-americano é praticamente garantida por acordo tácito existente desde fundação do Banco. Terminou nesta sexta-feira (23/03) o prazo para nomeação dos candidatos à presidência do Banco Mundial. A ministra das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, o ex-ministro das Finanças e atual chefe do Banco Central colombiano, José Antonio Ocampo, e o médico norte-americano Jim Yong Kim foram os nomes apontados. Entretanto, a nomeação é, antes, um ato simbólico, pois provavelmente o eleito será o candidato dos EUA, como nos últimos 70 anos. Após a definição dos nomes, os 25 membros do conselho executivo do Banco Mundial decidirão no final de abril quem será o sucessor de Robert Zoellick, que em fevereiro anunciou a intenção de deixar o cargo, após a conclusão de seu mandato de cinco anos, em 30 de junho. A probabilidade de que o escolhido seja o candidato do governo dos EUA é grande. Isso porque, desde a fundação do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) há mais de 70 anos, estabeleceu-se o acordo tácito de que o FMI é liderado por um europeu, e o Banco Mundial por um norte-americano. Para os países em desenvolvimento e emergentes, a decisão sobre o novo chefe do Banco Mundial agência especializada independente da Organização das Nações Unidas (ONU) terá consequências significativas. A instituição tem como principal tarefa combater a pobreza mundial. Para isso, se necessário, ela concede créditos a seus 187 Estados-membros e financia projetos de auxílio ao desenvolvimento. Além disso, o Banco Mundial está envolvido em projetos de combate à pobreza e à corrupção pelo mundo afora. Ele concede microcréditos, financia projetos de educação e saúde, e, após catástrofes naturais, presta assistência para reconstrução. Nesse contexto, os países em desenvolvimento e emergentes, que ganham cada vez mais força, há anos j estão descontentes com a dominância norte-americana na instituição. Mas, como os parceiros ocidentais detêm a maioria dos votos, ainda são eles quem dá a palavra final. Difícil busca nos Estados Unidos Os EUA apenas revelaram quem seria seu candidato para o posto de chefia do Banco Mundial nesta sexta-feira, final do prazo para nomeação. O escolhido, Jim Yong Kim, é presidente do Dartmouth College, em New Hampshire, no nordeste do país. O médico, nascido na Coreia do Sul em 1959 e criado nos Estados Unidos, é um nome respeitado a nível global na saúde pública. "É hora de um profissional do desenvolvimento" liderar a maior agência de desenvolvimento do mundo, declarou o presidente norte-americano, Barack Obama. A busca de um novo chefe para o Banco Mundial não foi fácil para Washington. De acordo com a mídia do país, dezenas de nomes constariam da lista inicial de um comitê de seleção do governo. Porém, muitos recusaram a posição, como a secretária de Estado Hillary Clinton, o secretário de Finanças Timothy Geithner, e o ex-candidato à presidência dos EUA John Kerry. A enviada especial de Obama para a ONU, Susan Rice, foi considerada inexperiente em questões econômicas. Segundo a mídia estadunidense, o ex-conselheiro econômico do presidente, Lawrence Summers, também participou da acirrada disputa. O professor de Economia da Universidade de Columbia Jeffrey Sachs se envolveu por conta própria no páreo. "Já houve 11 presidentes do Banco Mundial, e nenhum deles era especialista em ajuda internacional ao desenvolvimento", queixou-se o conselheiro especial da ONU para as "Metas do Milênio", de combate à pobreza mundial. "Em termos de redução da pobreza, posso mostrar um longo balanço de sucesso", disse Sachs à Deutsche Welle. Diversos países pequenos entre eles Timor Leste, Jordânia, Quênia, Namíbia e Malásia apontaram o professo de Desenvolvimento Sustentável pela Columbia University como seu candidato à chefia do Banco Mundial. Porém, Sachs não contava com a cobertura do governo norte-americano. Candidato latino-americano Apesar de os países emergentes não terem praticamente nenhuma chance de ocupar o cargo de chefia do Banco Mundial, eles colocam candidatos na corrida. Em 2012, seu indicado foi colombiano José Antonio Ocampo, um respeitado economista, sociólogo e diplomata, considerado altamente qualificado para o posto. Ocampo tem cátedras em universidades da Colômbia, do Brasil, do Peru, do Chile e dos Estados Unidos. Ele também leciona na Columbia University, em Nova York. Além disso, foi ministro da Agricultura e das Finanças da Colômbia na década de 1990 e também secretário-geral da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Ocampo atuou ainda como conselheiro do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). "Se dependesse da qualificação, Ocampo seria muito apropriado", considera Heribert Dieter, pesquisador sobre questões globais na Fundação para Ciência e Política (SWP, na sigla em alemão), com sede em Berlim. "Mas a eleição do presidente do Banco Mundial envolve poder. Por isso, mais um norte-americano seguirá no topo da instituição." Para Dieter, a nomeação de Ocampo é "um ato simbólico contra o poder dos interesses transatlânticos". Ngozi Okonjo-Iweala incomoda Também nesta sexta-feira, o ministro sul-africano das Finanças, Pravin Gordhan, anunciou a candidatura na ministra das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala. Ela atuou por mais de 20 anos no Banco Mundial, chegando a ser diretora-gerente. Ela abandonou o posto em 2011, para assumir pela segunda vez a pasta das Finanças em seu país. Mulher enérgica, que se autodefine como "uma combatente", ela lutou contra a corrupção e a favor de mais transparência nos ministérios nigerianos. Okonjo-Iweala construiu escolas e ampliou o acesso da população carente à água potável e ao sistema de saúde. Ela ocupou-se da diminuição da dívida estatal da Nigéria por meio de acordos com credores internacionais e conseguiu transformar a economia do país com suas reformas. "É irrelevante se o presidente ou a presidente do Banco Mundial vem dos Estados Unidos, da China, da Índia ou do Brasil", considera Claudia Warning, diretora do Serviço de Desenvolvimento da Igreja Evangélica na Alemanha. "Para os pobres em todo o mundo, o que importa é se o Banco Mundial finalmente melhorará suas condições de vida. Nesse sentido, o Banco Mundial precisa se reinventar." A China e o Brasil pediram recentemente um processo de seleção justo e competitivo para as duas instituições, mas não apresentaram candidatos. LPF/dw/afp/lusa/ap Revisão: Augusto Valente

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