Moradores dos bairros Ellery e Presidente Kennedy denunciam poluição da Mecesa Embalagens

Moradores dos bairros Ellery e Presidente Kennedy denunciam poluição da Mecesa Embalagens

Comunidade em torno da fábrica sofre há décadas com fumaça, fuligem e barulho dos maquinários. Empresa estaria operando com licença vencida desde 2018 e já foi condenada por crime ambiental
Autor Bianca Nogueira
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Moradores dos bairros Ellery e Presidente Kennedy, em Fortaleza (CE), denunciam os impactos ambientais e de saúde causados pela fábrica de embalagens Mecesa, localizada na Rua Pompeu Cavalcante, no bairro Ellery.

Os moradores relatam doenças respiratórias, alergias, infecções de pele e estresse provocados não apenas pela fumaça densa liberada pelas chaminés da Mecesa Embalagens, mas também pelo barulho constante das máquinas em operação.

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A fábrica funciona na região desde 1965 e, conforme os moradores, os momentos mais difíceis são durante as refeições. Os relatos são de fuligem invadindo as casas, sujando o ambiente e os impedindo "de ter uma vida digna".

“Moro aqui desde 1978 e, ao longo desses anos, a minha família tem a vida perturbada por esse problema, seja pela fumaça ou pelo barulho. Meus filhos e muitas pessoas aqui têm alergias respiratórias”, relata Aguinaldo Aguiar, diretor da Associação Comunitária dos Bairros Ellery, Monte Castelo e Adjacentes (ACBEM).

Além dos impactos na saúde, os moradores também sofrem com a desvalorização do local. Conforme relatos, os nove prédios residenciais ao lado do shopping RioMar Kennedy funcionam como uma barreira para a poluição. Os moradores relatam viver um "verdadeiro inferno", com a fumaça se concentrando nos apartamentos e nos espaços coletivos dos condomínios.

Empresa funciona com licença vencida há sete anos

Apesar de estar com a licença ambiental vencida desde 2018, a Mecesa continua em operação. Em dezembro de 2024, a empresa chegou a ser embargada pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) por descumprimento dos termos do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2022.

No entanto, uma liminar concedida durante o plantão judiciário permitiu a retomada das atividades da fábrica, gerando revolta entre os moradores.

A empresa foi condenada pela Justiça do Estado do Ceará no dia 11 de novembro de 2024 por crime ambiental, com base no processo nº 0103222-75.2019.8.06.0001, que tramita na 18ª Vara Criminal de Fortaleza. A sentença reconheceu a poluição do ar e os danos sonoros causados pela atividade da fábrica na área urbana.

Os moradores questionam a permanência da Mecesa em funcionamento em uma região atualmente classificada como zona residencial e de serviços, de acordo com o Plano Diretor de Fortaleza. A fábrica é a última grande indústria do antigo 1º Distrito Industrial do Ceará, que funcionou até o ano 2000 na zona oeste da cidade.

O POVO entrou em contato com a Mecesa Embalagens por meio dos canais oficiais disponibilizados no site da empresa, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Moradores irão até a Semace exigir mudanças

Os moradores dos bairros afetados se reunirão nesta segunda-feira, 14, às 15h, com o novo superintendente da Semace, João Gabriel Laprovítera Rocha, para cobrar o fim do problema.

A reunião acontecerá na sede da Semace, no bairro de Fátima, e contará com a presença representantes da ACBEM; da coordenação do Movimento das Famílias Afetadas pela Poluição da Fábrica Mecesa; da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e dos mandatos da deputada Emília Pessoa e do deputado Renato Roseno.

A população exige justiça ambiental e alega estar em uma luta pelo direito ao ar limpo, à saúde e à qualidade de vida.

A Semace foi procurada para comentar as denúncias apresentadas pelos moradores e informou estar em contato com o setor de licenciamento para obter mais informações. A matéria será atualizada caso haja novo retorno do órgão.

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