Alunos da UFC denunciam assaltos e ameaças nas paradas de ônibus do Benfica

Alunos da UFC denunciam assaltos e ameaças nas paradas de ônibus do Benfica

Estudantes relatam que um homem e uma mulher, supostamente armados, tentam assaltar celular de quem não transfere dinheiro via pix à dupla em paradas de ônibus no Benfica, em Fortaleza

Há pelo menos dois meses, as pessoas que esperam o ônibus nas paradas do bairro Benfica, em Fortaleza, são abordadas por um homem e uma mulher que ameaçam tomar o celular de quem não transfere dinheiro via pix para o casal. 

As abordagens da dupla costumam ocorrer nas proximidades da Universidade Federal do Ceará (UFC), no Benfica. Estudantes da UFC relatam ao O POVO, anonimamente, que foram coagidos pelo casal nesta semana.

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“Fiquei com medo do que ele poderia fazer comigo quando eu verbalizasse que não tinha dinheiro. Pensei em pedir ajuda, mas não tinha policiamento no local”, relata uma aluna que prefere não se identificar e será chamada de Lia.

Ela conta que foi vítima da dupla na última quarta, 9, enquanto estava com uma amiga, por volta das 18h50min, na parada de ônibus situada em frente à Reitoria da UFC, na avenida 13 de Maio, no bairro Benfica.

“Ele chegou, me deu boa noite, disse que estava armado, que não queria fazer nada comigo, mas que tinha acabado de sair do presídio e queria dinheiro. Dinheiro para se manter. Ele enfatizou que estava armado, tentou me coagir. E eu falei que não tinha dinheiro, estava só com o valor de transporte dentro do bolso e o dinheiro contado para me manter naquele momento ali, naquele dia”, relata Lia.

Segundo ela, o suspeito passou longos minutos ao lado dela até tentar coagir outros estudantes.

“Num momento de desespero, de nervosismo, muita gente acabou realmente fazendo pix para ele. Ele divulga o número de pix. E muitos estudantes acabaram por medo mesmo de uma represália enviando algum valor para o pix dele”, diz Lia.

Lia comunica que não fez Boletim de Ocorrência, mas acrescenta que “muita gente fez, na delegacia mais próxima, que fica no Centro de Fortaleza”.

No mesmo local, outra vítima que também prefere não se identificar, fala que o homem a abordou na última segunda-feira, 7, dizendo que era “morador de rua, que havia saído da cadeia e andava armado para se proteger”.

“Ele disse que sabia que todo mundo tinha um celular na bolsa, e se a gente não desse nada ele podia fazer alguma coisa, poderia atentar contra nossa vida. Ele ficou coagindo a gente a dar algo se não podia acontecer algo pior”, conta a estudante.

“Fico com medo, porque eu não vou testar se ele está realmente armado, ainda mais quando se é mulher”, diz. Ela entrou no primeiro ônibus que surgiu para fugir do assalto. E em seguida ligou para o número 190.

Horas mais tarde, na mesma parada, um grupo de três amigos foi coagido pela dupla a enviar dinheiro (R$ 300) via pix ao casal.

Por volta das 15h30min, eles transferiram R$ 90 aos suspeitos. Duas meninas mandaram R$ 10 e um rapaz enviou R$ 70, por medo de perder o celular.

“Tenho visto relatos de outras pessoas que passaram pela mesma situação nos últimos dias na região. Ele ora age sozinho, ora age junto com a esposa”, comenta a vítima do grupo que transferiu o maior valor.

No dia seguinte, ainda no mesmo lugar, outro aluno acompanhado dos amigos foi abordado pelo casal, por volta das 20h da noite de terça, 8.

De acordo com o estudante, o homem repetiu a mesma forma de aproximação ao dizer que saiu recentemente do presídio, que poderia roubar os celulares se pudesse, “mas não queria nada daquilo no momento”.

Ao rapaz, o suspeito também disse estava precisando de dinheiro para ajudar a mulher grávida e comprar comida e que andava armado por segurança, caso encontrasse algum inimigo dele no bairro Benfica. “E que era para ficarmos tranquilos com a situação”, diz o estudante.

“Ele pediu apenas para que fizéssemos um pix de 50 ou 100 reais para ele. Eu ia dar dinheiro em espécie para ele, mas ele insistiu que fosse no pix, então eu passei 10 reais para ele e meu amigo passou R$ 15. Ele agradeceu a gente e me abraçou”, completa a vítima. 

Polícia Civil realiza diligências para capturar os suspeitos das ações criminosas

Por nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) investiga denúncias de roubos, registradas no bairro Benfica, de Fortaleza.

Segundo a SSPDS, a Polícia Civil realiza diligências para capturar os suspeitos das ações criminosas. E acrescenta que os Boletins de Ocorrências foram registrados e estão a cargo do 11º Distrito Policial (11º DP), unidade responsável por investigar crimes na região.

A pasta informa, ainda, que o policiamento no Benfica é realizado continuamente pelo patrulhamento da Polícia Militar do Ceará (PMCE), 24 horas por dia, pelas equipes do Policiamento Ostensivo Geral (POG) e Força Tática (FT) do 6º Batalhão de Polícia Militar (6º BPM).

O bairro conta ainda com o reforço do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) e de rondas do policiamento extraordinário, conforme a SSPDS.

A SSPDS ressalta que é imprescindível a necessidade de registrar o Boletim de Ocorrência junto a uma Delegacia da Polícia Civil sempre que um cidadão for vítima de um crime, pois este é um dos instrumentos em que as Forças de Segurança se baseiam para pautar suas ações preventivas e repressivas à criminalidade.

Suspeito é preso em flagrante

O suspeito foi preso em flagrante na noite de quinta-feira, 10. O homem foi capturado pela Polícia Militar do Ceará (PMCE) e autuado em flagrante pelos crimes de roubo a pessoa e extorsão.

A captura em flagrante ocorreu logo após o registro de mais um crime de roubo na região do bairro Benfica.

Atualizada no dia 11/04 às 16h30min

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